Friday, September 29, 2006

Dia 28


Acordei um pouco mais cedo pra passar o aspirador de pó na casa, conforme combinado com a Claire na noite anterior. Limpar a escada é particularmente difícil, mas eu consegui. Depois dos meus afazeres domésticos, almocei e fui pra faculdade, dessa vez no horário certo: 14h15.
Cheguei lá, encontrei os colegas e fomos pro estúdio 1, o teatro estava ocupado por algum motivo. Ganhamos uma colega nova, Jennifer, transferida do curso de Mídia.
A aula de hoje foi bastante cansativa também... fizemos todo um trabalho de exploração de espaço e corporalidade. Três horas sem parar de se mexer... é mais eficaz que qualquer academia! Fizemos um intervalinho de 10 minutos e o Gary e eu começamos a conversar com uns colegas pra combinarmos de ir todos juntos ao teatro semana que vem, assistir "O Mercador de Veneza". Achamos que é uma boa idéia irmos ao teatro juntos e discutir as peças depois - nalgum pub, evidentemente.
Depois da aula, voltei pra casa a pé, conversando com a Amy, do segundo ano e descobri um atalho no caminho! Amanhã eu tento fazer o caminho curto sozinha... hehehehe

Dia 27


Inexplicavelmente, acordei com dor de cabeça... é sério, eu não bebi tanto. Dizem que depende do que a gente bebe... pode ser que aquelas batidas de Bacardi não tenham sentado muito bem. Fiquei enfiada no quarto o dia todo... De tardezinha, tomei um banho e fui pra faculdade, pois tinha ensaio do grupo vocal. Além da música do Chicago, dessa vez começamos a trabalhar com Sounds of Silence também. O arranjo é muito lindo, mas vai ser difííííííícillll... Sofremos um tanto... vamos ver se a gente consegue.
Depois do coralzinho, tinha o primeiro encontro da sociedade de poesia que meu colega Gary criou. Foram só cinco pessoas: Gary, eu, Anthony, Daniel, que estuda Mídia, e Robert, que estuda Marketing. Como nenhum de nós tinha levado nada, Gary conduziu a sessão... levou um poema que ele achou num jornal, algumas poesias de autoria dele e umas outras de escritores famosos pra lermos e discutirmos. Foi legal a sessão e combinamos que, pra semana que vem, discutiremos Hai-Kai e os guris pediram que eu levasse também alguma poesia de algum autor brasileiro traduzida. Ainda tô escolhendo, mas é possível que eu leve Drummond, Vinícius e Augusto dos Anjos - meus preferidos!
Fomos pro bar da União depois da sessão de poesias e ficamos conversando mais um pouco. Encontramos a Kim e a Connie lá, completamente bêbadas... elas não tinham parado de beber desde o dia anterior. Aquele velho remédio: pra curar a ressaca, o melhor é continuar bebendo!
Depois, voltei pra casa e fiquei trabalhando na tradução de "O Caso do Vestido", do Drummond.

Dia 26


Fui pra aula de Text and Context me arrastando de manhã... a primeira hora foi a palestra da Ksenjia sobre os gregos, um pouco de história, sociedade e cultura, terminando com a biografia do Aristóteles e A Poética. Ao final da primeira hora, fomos divididos em dois grupos pra discutir as peças que tínhamos que ter lido e A Poética. Meu grupo era o primeiro. E e descobri que a maioria dos meus colegas não entendeu muito do Agamêmnom, entendeu mais ou menos a Antígona e não entendeu nada da Poética. Não rolou muita discussão, a galera tava meio tímida. Alguns começaram a falar do precoceito sexual existente nas peças, mas a Ksenjia interveio, dizendo que feminismo é um conceito contemporâneo e não podemos analisar as peças gregas sob esse olhar. E ela pareceu decepcionada ao ver que não éramos grandes debatedores...
Saímos da aula, fui almoçar e depois voltei e sentei no corredor. Quando o segundo grupo saiu, conversei com alguns colegas e eles disseram que foi a mesma coisa com o grupo deles.
Fomos até a União dos Estudantes, sentar e tomar um café antes da próxima aula, que era às 14h15.
Chegamos na aula e Nazli começou de forma semelhante à Ksenjia... falando sobre a biografia de Sófocles. Depois de uns 15 minutos, fomos ao palco. Ela dividiu-nos em grupos de cinco ou seis pessoas e pediu que pensássemos em cinco trechos marcantes da Antígona e construíssemos uma imagem de cada um, que tinha que ter um título. Escolhemos a imagem dos dois irmãos lutando; a dos dois sendo enterrados; Antígona sendo presa e sua irmã Ismene querendo ir junto; as mortes de Antígona e Haemon e a cena final, Creonte em meio aos corpos. Montamos nossas imagens, mas esquecemos dos títulos... na verdade, não deu tempo de pensar. Quando fomos apresentar, a profe pediu que falássemos o título de cada imagem antes de montá-la e meus colegas olharam pra mim. Foi minha primeirca improvisação... batizei as imagens de Two Brothers, The Burials, Sisters, The Grave e Corpses. Simples, diretos e aprovados. Fizemos um itnervalo e voltamos pra aula nos mesmos grupos. Agora, com um pouco mais de tempo, tínhamos que escolher duas páginas pra representar, duas páginas que fossem significativas pra nós. Pensamos em várias cenas e acabamos optando pelo início, quando Ismene e Antígona discutem acerca do enterro do irmão Pleicenes, proibido por lei. Mas tínhamos que dar um motivo... e desenvolvi uma argumentação teórica baseada na Poética que rendeu elogios.. não, eu não sou modesta. Com a brilhante colaboração de um dos guris, cujo nome não lembro, que disse que a cena deveria ter o mínimo de movimento possível, pois o teatro grego era assim, ganhamos o único Excellent da turma. Encerramos o dia muito felizes.
Como não temos aula às quartas, as terças foram decretadas dia oficial de festa do DTA. Eu poderia optar por jogar futebol, ir a uma sessão de cinema com a sociedade de filmes ou ir até o apartamento da Sam, minha colega. Como semana passada eu joguei futebol e fui ao encontro da sociedade e não fui na festa do curso, optei por me divertir com meus colegas dessa vez. Combinei de encontrar a Nikkii e a Joanne na recepção da faculdade, pra ir com elas, já que eu não sabia o caminho e elas tinham estado lá na semana anterior. Cheguei às 19h e esperei. Em seguida, vieram a Nikkii e a Julia. Logo, chegou a Dawn. Joanne não apareceu, então fomos as quatro peagr o ônibus.
Descemos na parada errada, caminhamos bastante (de salto... ui), até que achamos o prédio... isso que as gurias sabiam onde era, imagina se não soubessem. Chegamos lá, estavam a Sam, o Fraser, a Caroline e a Heather. Pouco depois de nós, chegaram a Connie, a Kim e a Faye, uma guria que faz o curso de Produção Teatral. Mais tarde, o Marc chegou. Ficamos lá, conversando e bebendo até a meia-noite. Aprendi um joguinho de bebum que eles fazem aqui, parecido com o dos limões... Cada pessoa na roda escolhe um "apelido", que vai ser seguido da palavra "fuck". Escolheram pra mim "Brazilian fuck". Aí, a gente começa a bater palmas num determinado ritmo e fala duas vezes o próprio "nome" e depois a frase "I want a ... fuck", com o nome de alguém da roda. A pessoa chamada então repete o procedimento. Quem errar, paga prenda. Depois, o pessoal resolveu sair pra dançar. Todo mundo muito mais pra lá do que pra cá, começamos a ter baixas no grupo... Marc resolveu ir pra casa e a Julia, a Dawn e a Heather foram buscar dinheiro no caixa eletrônico e não voltaram. Esperamos um pouco e Fraser resolveu ir até o banco e não as encontrou. Como elas sabiam qual era a danceteria que tínhamos escolhido, resolvemos ir e deixar que elas nos encontrassem lá. Fomos a uma danceteria chamada Espionage. Aparentemente, não tinha muita gente, mas as pessoas têm uma paixão por subsolos aqui... a gente olha os lugares de fora e acha que não são grandes, mas sempre tem uns três níveis pra baixo! Descemos até o último nível e tinha uma quantidade razoável de gente lá... inclusive uns carinhas bem interessantinhos. Só que meu altruísmo me impediu de tentar um intercâmbio de línguas... a Nikkii tava muito bêbada... tava se sentindo mal e queria ir embora. Ela mora na casa do estudante, na faculdade, com a Dawn, a Julia e a Caroline, que iam voltar com ela. Acontece que tínhamos perdido a Dawn e a Julia, então, a Caroline resolveu ir embora com a Nikkii. Mas no meio do caminho, encontrou um cara legal, que puxou assunto e sabe como é... Nikkii sentou num sofá e já tava quase chorando, quando eu resolvi vir pra casa com ela, já que eu moro perto da faculdade... É assim, um dia a gente toma um trago e alguém legal nos cuida, no outro dia outra pessoa toma um trago e a gente tem que ser legal...

Dia 25


Continuo sem aula às segundas, então acordei tarde, fui ao mercado e voltei pra casa. Entrei um pouco no msn, mas tentei dormir cedo porque terça tinha aula de manhã. Mas depois de um final de semana boêmio, foi impossível dormir às 23h30... até tentei, mas acho que só peguei no sono umas 3h...

Dias 23 e 24


Outro final de semana sem grandes emoções... sábado fui a uma loja muito legal chamada Forbidden Planet e fiquei umas duas horas lá... tem tudo pra fãs de quadrinhos, séries e filmes cult. Depois, fui ao cinema assistir The Black Dahlia. Não sei se eu gostei ou não... o filme não é ruim, mas acho que eu tava imaginando uma coisa diferente, sei lá. Fui ao Vue, um multiplex que tem no Omni Centre, em Leith. O Omni Centre é um complexo de restaurantes e bares, bem moderno. Comi um bagel muuuuuuito bom num deles, a Bagel Factory. Depois, assisti o filme e voltei pra casa. Cheguei em casa, assisti O Iluminado na TV e fiquei no msn até às 2h da manhã...
No domingo, não fiz nada o dia todo, só lavei e estendi roupa. E fiquei no msn até às 5h... foi emocionante, 3 dos meus 4 irmãos tavam online!! Hehehehehe...

Thursday, September 28, 2006

Dia 22


Teoricamente, temos uma cadeira chamada Drama Research Skills às sextas de manhã. Acontece que tem aquela tal indução de TI e da biblioteca, que era pra ter sido feita em casa, mas tava dando muito problema e muita gente não fez. Assim sendo, foi decretado que todo mundo, de todos os cursos teria que fazer as tais induções em horário de aula de alguma cadeira e a escolhida do meu curso foi essa. Mesmo já tendo feito a indução de TI em casa, eu tive que ir pra registrar presença. Fomos divididos em dois grupos, um às 10h15 e outro às 11h15. O meu era o segundo. Minha preocupação era que aquele dia eu tinha que ir na polícia de novo, pra buscar meu certificado de registro. Acontece que o departamento lá só fica aberto entre as 13h e as 15h... a tal indução era até às 12h15 e eu tinha outra aula às 15h15... e a polícia fica do outro lado da cidade! Perguntei pra vários colegas se tinha algum jeito mais rápido de ir e voltar da polícia do que ir até o centro e pegar outro ônibus, mas ninguém sabia. Bom, fui pra indução, e, por sorte, o professor de informática perguntou se alguém já tinha feito o negócio e liberou quem já tinha feito em casa. Pude sair mais cedo e atravessar a cidade tranqüila. Até cheguei um pouco antes das 13h na região do QG e deu tempo de almoçar num supermercado adjacente. Entrei no QG, fui até o departamento internacional, peguei meu certificado e consegui voltar com tempo de sobra pra faculdade. Sentei e fiquei ouvindo música até às 15h...
A cadeira que temos às sextas de tarde é meio estranha... fomos dividos em grupinhos de 6 ou 7 pessoas e cada grupo tem uma aula a cada duas semanas. É a parte mais prática do curso... quem dá aula é o Phil, ele é o técnico dos teatros e o objetivo é nos ensinar a mexer em luz, som, montar e desmontar cenário, etc. O grupo que teve aula antes do meu saiu de dentro do teatro com umas caras muito estranhas, comentando que a aula era muito esquisita. Entramos, sem saber exatamente o que esperar.
Quando o Phil chegou e começou a falar... o coitado é gago!! Ter aula em inglês, com um escocês gago é algo indescritível... E ele tava nervoso, ficava repetindo várias vezes pra si as coisas que dizia, como se tivesse tentando lembrar do que ele já tinha dito e o que ainda faltava. Bom, a primeira hora foi ele gaguejando sobre segurança no palco, algo que seria muito útil se propriamente estudado. Basicamente, ele nos falou e indicou todas as saídas do teatro, mostrou dois tipos diferentes de extintores de incêndio e disse como usá-los e mostrou como se segura uma escada. Depois disso, passamos aos equipamentos... ele pegava um parafuso, mostrava pra gente e perguntava se sabíamos o nome daquilo. E assim foi com toda a caixa de ferramentas, os pesos que sustentam o cenário e tudo o que tinha no palco. Dados os nomes aos bois, Phil convidou-nos a subir ao palco e mostrou um negocinho que usam pra fazer marcação... parece uma fita métrica, é uma corda com giz, que a gente puxa e solta e ela marca um caminho com pó de giz, sutilmente. Fomos aos bastidores, camarins, armários... depois, tivemos que buscar uns pedaçoes de cenário e montá-los, usando dobradiças e os pesos de sustentação. Essa parte até que foi legal. Usamos a escada também pra pendurar umas pernas. E, finalmente, Phil mostrou-nos a cabine de som e de luz, só pra ter uma noção porque a aula disso vai ser daqui a duas semanas. Aí, acho que vai ser mais tri. Ele falou que ele nos ensina a usar tudo porque quando temos que montar alguma performance pra universidade, nós é que temos que fazer o trabalho pesado, faz parte da avaliação também.
Depois da aula, voltei pra casa caminhando e descobri que esquilo faz barulho...
Fiquei assistindo TV e depois, fiquei no MSN até às 6h da manhã!!!

Dia 21


Acordei perto das 11 horas, comi e fui pra faculdade. Cheguei lá um pouco mais cedo do que deveria - a aula seria às 13h15 - porque queria depositar uns pilas no banco, pra pagar o aluguel. Fui à agência do Royal Bank of Scotland que tem dentro do campus, fiz o depósito e já recebi meu cartão de saque, que eu não vou usar enquanto não arrumar um emprego... Depois do banco, sentei nas cadeirinhas do corredor em frente ao teatro e fiquei escutando música. Passou por ali a Linda, a guria de Hong Kong que eu conheci no dia do tour pros estudantes internacionais. Ela sentou e conversamos um pouco, depois meus colegas começaram a chegar e ela foi embora. Quando eram 13h10, entramos no teatro, sentamos e esperamos. E esperamos, esperamos... eram 13h40 e não tinha aparecido professor! Resolvemos assinar nossos nomes e número de matrícula numa folha e pregar no quadro de avisos, dizendo que esperamos 30 minutos e não apareceu ninguém. Mas enquanto estávamos fazendo a lista, um dos guris, o Ross - que por sinal, eu não tinha notado que existia até então - foi até a sala dos professores pra ver o que tinha acontecido. Ele voltou de lá com a notícia de que o horário da aula estava errado nas nossas tabelas, o certo era 14h15... e ninguém tinha notado antes pra nos avisar. De fato, organização não é o forte do meu curso... Bom, já que tínhamos esperado até então, não custava esperar mais um pouco... claro que alguns deram no pé. Ficamos um grupo não muito grande, esperando até as 14h15. Quando a professora, a Lizzie, chegou, explicamos pra ela o que tinha acontecido e que, em virtude de acharmos que a aula terminava às 16h15, muitos tinham compromisso pra depois desse horário. Ela pediu mil desculpas e disse que terminaria a aula às 16h15 aquele dia, excepcionalmente (o horário certo de acabar é às 17h15). E, seguindo o já conhecido procedimento de primeira aula, ela fez a chamada (aliás, foi a primeira a fazer isso), conferindo se lembrava de todos os nomes e rostos - e eu descobri que, por ser diferente, todo mundo lembra do meu nome... hehehehehe. Depois da chamada, a Lizzie nos entregou o cronograma e a lista de leituras. A cadeira que ela dá chama Drama on Stage e é quase totalmente prática. É teatro físico. Nesse semestre, vamos explorar o espaço e a consciência corporal nas primeiras seis semanas, trabalhando com improvisação. E, acreditem, existe muitas teoria por trás do improviso; temos uma extensa lista de leituras teóricas que vão servir como base pra entregar o primeiro artigo do curso, um ensaio sobre improvisação baseado nas nossas impressões em aula e nas leituras. Esse ensaio vale 50% da nota... e tudo conta ponto, até a vírgula mal (ou bem) colocada. Os outros 50% da nota vêm de uma improvisação que teremos que fazer na última semana de aula antes do Natal, quando teremos que usar um personagem que vamos ter desenvolvido gradualmente, a partir da sétima semana de aula. Essa improvisação é feita em pequenos grupos e é avaliada por uma banca. Bom, depois de explicado o terror da avaliação, pra descontrair e já trabalhar com a fisicalidade, fizemos vários jogos. Foi uma tarde bem legal, cansativa, mas relaxante. Por isso que teatro é legal, é tudo uma grande brincadeira!
Voltei pra casa de ônibus porque as pernas tavam muito doloridas...

Wednesday, September 20, 2006

Dia 20


Feriado no Rio Grande do Sul... e eu levantei às 7h45 pra começar a cozinhar. Tomei café, fui ao mercadinho da esquina comprar umas coisinhas que faltavam e voltei pra casa. Vesti minha bombacha e botas, me encerrei na cozinha pra não acordar meus companheiros e liguei o som com o cd especial de músicas nativistas que minha irmã gravou pra mim. Coloquei o feijão pra cozinhar na única panela grande da casa, que não é de pressão. Enquanto isso, lavei a louça e guardei porque ia precisar de espaço. E tirei o relógio pra controlar o tempo, porque o Gareth me deu a notícia que ele ia viajar pra Irlanda do Norte às 15h, o que significava que eu tinha que estar com o almoço pronto cedo. Quando terminei de cortar os temperos pro feijão e pro carreteiro e as carnes pra feijoada, o feijão já tava cozido. Até que não demorou muito, umas duas horas e meia. Refoguei os temperos e coloquei no panelão e deixei cozinhando, enquanto fritava a lingüicinha e o bacon. Coloquei na panela e depois, enquanto fritava as costelas de porco, fui cortar a carne pro carreteiro e meus companheiros acordaram. Gareth foi direto na cozinha espiar dentro das panelas... elogiou o cheiro. Coloquei as costelas no feijão e refoguei a carne e os temperos pro carreteiro. Tive que dividir o carreteiro em duas panelas. Juntei o arroz e deixei cozinhando, tirei o feijão do fogo e comecei a preparar a sobremesa: arroz com leite. Ha! Quem, das pessoas que me conhecem, ia imaginar que eu ia pilotar cinco panelas ao mesmo tempo num fogão algum dia? E meu timing foi perfeito, ao meio-dia eu tava servindo meu almoço campeiro! E ficou bom e foi aprovado pelos estrangeiros... tá, a feijoada ficou um pouco líquida, mas ficou boa. E a idéia inicial era fazer um feijão mexido, mas não encontrei farinha de mandioca. Depois do almoço e de arrumar a cozinha em equipe (e de uma garrafa de vinho), dormi... até às 16h.
Acordei, fui pra universidade participar do primeiro ensaio de um grupo vocal no qual eu também resolvi entrar. Cantamos uma música da peça Chicago. Gostei também. A partir da semana que vem, vamos ensaiar essa e uma música de Natal, pra cantar num concerto que vai ter em dezembro, do qual vão participar todos envolvidos com música de alguma forma dentro da universidade.
Voltei pra casa, jantei o resto de carreteiro e feijão, que vai ser minha comida até o final da semana, porque o Gareth foi pra casa hoje e a Claire vai amanhã, e fui nanar.

Dia 19


Finalmente, o primeiro dia de aula! Nossa primeira aula era a cadeira chamada Text and Context, com a Ksenjia. É estranho ter aula no teatro o tempo todo, não tem mesa nem quadro... a gente senta na platéia e o professor fica no palco, falando. Não é à toa que eles não usam a palavra 'class' ou 'lesson' pras aulas, eles usam 'lecture', cuja tradução mais próxima seria 'palestra'.
Foi uma aula introdutória, típico primeiro dia de aula. Ela explicou do que se trata a cadeira, como o nome diz, vamos analisar vários textos, não só peças, inseridos em seu contexto histórico, social e cultural. Nesse semestre, vamos ver teatro grego, romano e medieval. Foi-nos dada a nossa lista de leituras, aula por aula, e fomos novamente dividos e subdividos. Funciona assim: a aula é das 9h15 às 10h15. Daí, das 10h15 às 12h15 tem seminários em grupo, com uma hora pra cada grupo expôr suas discussões. Assim, na hora inicial, a professora vai falar sobre os textos lidos em casa e depois, cada grupo vai falar sobre determinado aspecto. Fiquei no grupo A, das 10h15 às 11h15. Dentro desses grupos, fomos subdivididos e grupos de cinco alunos, chamados grupos de leitura. Dado que não há cópias suficientes dos livros na biblioteca, temos que lê-los em grupo, durante a semana. Meu grupo só tem duas pessoas que eu conheço, o Marc e a Kim. As outras, vou ter que conhecer essa semana.
Como foi uma aula introdutória, pra explicar o funcionamento das coisas, não teve seminário e ficamos com um intervalo muito grande, mas deu preguiça de voltar pra casa e depois ter que ir pra lá de novo, então fiquei pela universidade com a Pamela e a Fiona. Almoçamos e fomos espiar a feira de empregos que tinha. Preenchi fichas pra duas lojas de departamentos e uma loja de sapatos, que me deu uma sacola cheia e brindes, incluindo um radinho!
Depois, voltamos pras cadeirinhas do corredor e ficamos conversando e esperando a próxima aula.
Às 14h15 voltamos ao teatro para a aula da cadeira chamada Making Theatre, com a Nazli. Ficamos imaginando se teríamos o que fazer durante 3 horas...
Ela se apresentou e chamou-nos todos ao palco. Pediu que fizéssemos um grande círculo. Depois, dois círculos. Quatro círculos. Um grande quadrado. Dois quadrados. Quatro quadrados. E cada quadrado tinha que virar uma estrela... e ninguém conseguiu fazer!! Às gargalhadas com as tentativas absurdas, fomos informados que novamente seríamos divididos em grupos, mas era só manter a formação em que estávamos. Meu grupo agora era o número dois. Recebemos um trecho pequeno de Medéia, de Eurípides (e eu descobri que existe outra Medéia, de Sêneca) e a ordem de montar uma pequena performance, sem convenções. A única coisa que tínhamos que fazer além do que estava no papel era dar um título. Tínhamos 30 minutos.
Meu grupo começou a trabalhar, elegemos um diretor, o Alan, e lemos o trecho todos juntos. Problema: somente eu e o Scott conhecíamos a peça inteira. Brevemente, situamos os demais na história. Então, tínhamos que dividir os personagens: tínhamos Medéia, Jasão, uma ama e o coro. Levei um susto ao me apontarem como Medéia e tentei argumentar, mas não deu, fiquei com o papel. Lindsay ficou com a ama e Scott, Jasão. Os outros eram o coro. Discutimos como íamos fazer, ensaiamos e demos o nosso título: "How do you solve a problem like Medea's?" - uma brincadeira com "How do you solve a problem like Maria's?", parte de um musical com Julie Andrews.
Passados os 30 minutos, cada grupo mostrou sua performance e discutimos os pontos positivos e negativos de cada performance. E foi interessante notar como um mesmo trecho pode ser encenado de diversas formas, inclusive quando se tem uma mesma interpretação. Os três outros grupos interpretaram o coro como sendo a consciência de Medéia, mas demonstraram isso de formas diferentes. O nosso grupo optou pela idéia do coro ser formado por pessoas da cidade, julgando a personagem principal. E todas funcionaram bem.
Em seguida, Nazli expôs alguns fatos sobre a peça e sobre a vida de Eurípides e mostrou-nos como seria a formação de um palco grego, com o coro formado por 15 pessoas, três atores principais, dois atendentes, geralmente crianças, e os músicos de ambos os lados.
E foram-se as 3 horas... saí da faculdade e vim em casa correndo trocar de roupa pra jogar futebol. Resolvi participar do time de futebol feminino da universidade, cujo treino era às 19h30. Voltei pro campus, achei (com ajuda de Anna, uma outra colega cujo nome aprendi agora) o campo de futebol e me surpreendi de ver tanta gente interessada. Gostei bastante do treino, é uma hora de exercícios e meia hora de jogo. Eu não queria dizer que era brasileira, porque iam esperar que eu jogasse bem e eu jogo muito mal... mas foi inevitável... assim como foi inveitável ouvir minhas colegas de time perguntando se eu jogo como o Ronaldo...blé.
Meu segundo desafio do dia: depois de ter que interpretar Medéia, tive que marcar a capitã do time... mas me sái melhor na Medéia. Tudo bem, eu vou aprender...
Voltei pra casa podre, tomei banho, botei feijão de molho e dormi.

Dia 18


Segunda-feira foi outro dia sem muito o que fazer. O legal foi que eu consegui ficar conectada na internet por umas 4 horas, conversando com um monte de gente no msn. Deu pra matar um pouquinho a saudade dos meus irmãos e de algumas amigas.
A universidade que eu ora freqüento (ó, que bonito) tem umas sociedades... muita calma nessa hora, não tem nada a ver com aquelas irmandades imbecis (desculpa quem gosta) das universidades americanas. A função das sociedades aqui na QMUC é reunir pessoas com interesses similares pra discutir algum assunto. Tem vários tipos de sociedades, e como elas também são boas oportunidades pra conhecer pessoas, resolvi entrar em algumas. Minha primeira foi hoje, a sociedade de filmes (eba). Eles se reúnem num pub chamado The Brass Monkey, que fica numa ruazinha na cidade velha, e tem uma sala de projeção dentro. É muito legal, é uma sala com uns sofás e almofadas enormes, super confortável... uma tela grande e um som muito bom. E as paredes todas decoradas com pôsteres de clássicos do cinema - um lugar perfeito pra cinéfilos (um dia, eu vou ser uma!). A projeção aquele dia era a versão do Baz Luhrmann de Romeu e Julieta, que eu já assisti várias vezes, mas é daqueles filmes que eu gosto de ver de novo, porque sempre acho uma referência, algum detalhe que eu não tinha visto antes. Não chegamos a discutir o filme todos juntos depois, discutimos em pequenos grupos... basicamente, tu vira e conversa com quem tá do teu lado. Tinha bastante gente que já fazia parte da sociedade há algum tempo e ficaram na panelinha deles, então, eu conversei com dois caras que também tavam participando pela primeira vez. Muito legais os dois, o Neil e o Brian... e como eu tenho muito azar, um ocupado e um estragado... mas, enfim, ganhei dois novos amigos.
Caminhei com Brian até a Princes Street, conversando. Dali, ele foi pra Leith e eu caminhei mais um pouco, pra pegar o 26. Cheguei na parada morrendo de dor nos pés de andar de salto pelas ruas de paralelepípedos da cidade velha... E aconteceu uma coisa engraçada. Quando eu tava conversando com o Neil, no pub, ele falou que Edimburgo tinha aquele ar de cidade do interior, porque a gente anda pela rua e vai encontrando conhecidos e disse que em duas semanas mais isso ia começar a acontecer comigo. Nem duas semanas, tava eu esperando o ônibus, encontrei o James, meu colega anglo-hispânico-portuga. Ele tava voltando pro campus e pegamos o mesmo ônibus e viemos conversando em português de lá.
Cheguei em casa e fui dormir cedo (22h) porque no dia seguinte, finalmente, minhas aulas iam começar - e cedo.

Dias 16 e 17


Tá, eu vou começar a condensar esses dias em que nada acontece... tive um final de semana extremamente entediante, quando a coisa mais interessante que eu fiz foi limpar toda a cozinha.
E dia 16 era aniversário da minha maninhaaaaaaaaaaaa e eu liguei pra ela e deu saudade! Só...

Dia 15


Sexta-feira era dia de oficinas na universidade. A primeira era a oficina de direção, com a professora Nazli. Ela nos ensinou o método Gotowski de ensaio, usando trechos de Romeu e Julieta. Foi um trabalho já um tanto físico, mas tranqüilo, gostei bastante. E tive a chance de dirigir um trechinho pequeníssimo, duas linhas só. E não ficou tão ruim.
Em seguida, após o workshop de direção, tinha um outro de métodos de ensaio, com foco e técnicas de aquecimento e relaxamento. Esse era conduzido pelo Anthony e pela Lorna, que trabalharam conosco algumas técnicas de ensaio usando objetos, música e nós mesmos. O Anthony fez um curso de relaxamento e aquecimento em Portugal que envolvia uma massagem primeiro relaxante e depois, energizante e uns passos de dança estranhos. Fora os passos de dança, as outras técnicas foram legais. E, no final, a Lorna nos convidou e produzir um trecho de texto em fluxo de consciência enquanto escutávamos uma música. É muito estranho começar a escrever um troço desses, mas depois de um tempo, flui (deve ser por isso que chama "fluxo"... dã!). Transcrevo meu textinho horroroso aqui: "Flavia my name Brazil saudade has no translation rugby match today music now brother and sister stream of consciousness can't spell anymore eyes relax watching you black floor white and red pen can't read what I'm writing inside too conscious too self-aware moving you eyes again I've already used this one key in my pocket no pocket keep writing keep walking Johnny Walker red label red pen blue eyes next year maybe I shouldn't wait nor think about anymore eyelash fingertips breathing just keep writig anything that comes to your mind I hate phrasal verbs and the present perfect no I don't hate it any longer". Detalhe pros curiosos: tem várias palavras e frases aí que eram da música que eu tava escutando.
Encerrada a oficina, vim pra casa encontrar o Gareth e a Claire pra irmos ao estádio de Murrayfield assistir a uma partida de rugby. Antes, evidentemente, fomos a um pub encontrar os amigos do Gareth, que também joga rugby. Eu nunca tinha ido a um jogo antes e nem sabia nada a respeito do esporte, só sabia que era parecido com futebol americano, do qual eu também não entendo lhufas!
Chegamos ao estádio, compramos ingresso (com desconto de estudante) e fomos sentar. Era o time de Edimburgo contra o de Ulster, a Irlanda do Norte. Fomos torcer pra Ulster porque o Gareth é de lá. Mas eu fui com uma camiseta do Brasil... risos. Eles estavam todos com camisas de Ulster. O interessante no rugby é que não tem aquela rivalidade furiosa do futebol, as torcidas sentam misturadas e não dá briga. Agora, o jogo: basicamente, o objetivo é chegar do outro lado do campo e fincar a bola (como se aquilo fosse uma bola...) no chão, o que eles chamam de touchdown. Quando alguém consegue a proeza, bate um pênalti, que vale 3 pontos. Mas é difícil conseguir o touchdown, porque só pode passar a bola pra trás (!), mas pode chutar pra frente. Às vezes, parece meio sem objetivo, porque eles chutam pra onde tá virado o nariz e pega a bola quem tá mais perto, não interessa de que time é. E claro, assim que alguém sai correndo com a bola, os jogadores adversários têm que se atirar no coitado pra impedi-lo de correr e tentar roubar a bola. E a montoeira piora quando os companheiros de time do que tá com a bola tentam afastar os adversários. Eu só não descobri quando o juiz sabe que é falta ou só amontoação. A Claire me disse que quando passam a bola pra frente, é pênalti pro time adversário e quando batem acima dos ombros, também é falta. Mas no bolo, eu realmente não sei, nem eles.
Acabou o jogo, Edimburgo ganhou por 20 a 15... e nós voltamos pro pub. E depois, viemos pra casa arrastando o Gareth, que tava bêbado.

Dia 14


Dia da ressaca na Queen Margaret... cada cara amassada às 10h da manhã, horário que tínhamos que comparecer a uma reunião... tava muito engraçado de ver todo mundo com garrafinha d'água na mão... hehehehe. Enfim, a tal reunião era pra finalmente nos entregarem nossos horários - particularmente caótico, parece a UFRGS! Vejam só: tenho aulas às segundas, das 14h15 às 18h15; terças, das 9h15 às 11h15 e depois das 14h15 às 17h15; às quartas não tenho aula; às quintas, das 13h15 às 16h15 e sextas, das 10h15 às 12h15 e depois das 13h15 às 15h15. Credo... quero ver eu decorar isso...
Além do horário louco, nos entregaram um livreto que tem um monte de informações sobre a universidade e o curso, como datas, regras, etc. Aí, veio a parte interessante: fomos novamente divididos em grupos e eu descobri que eu tinha que estar no grupo da prof. Ksenjia, e não no da prof. Lizzie... fui lá eu buscar minha pasta com a Lizzie pra entregar pra Ksenjia, que é minha tutora acadêmica. Funciona assim: nós somos 45 na turma, fomos divididos em 4 grupos, cada um sob a responsabilidade de um tutor. Esse tutor tem que encontrar a gente individualmente pelo menos uma vez ao semestre, pra saber da nossa vida acadêmica, como tá indo, o que a gente já fez e o que pretende fazer no futuro. Ele também vai ser com quem a gente vai falar caso precise de conselhos ou de qualquer tipo de ajuda dentro da universidade. Então, como eu dizia, minha tutora é a professora Ksenjia Horvat (eu adorei esse nome!). Naquele dia, reunimo-nos em grupos com nossos tutores pra receber um papel chamado MODEST Form. MODEST é uma sigla, mas ninguém sabe o que significa. Essa tal coisa aí é nossa ficha de avaliação; ali tem todo tipo de avaliação que vamos fazer, em todas as cadeiras, com data e detalhes explicando que tipo de avaliação que é. Cada vez que entregamos uma avaliação, nós assinamos e o professor que recebeu assina também, garantindo, assim, que o trabalho foi entregue. Ah, a gente tem que entregar os trabalhos impressos, mas também mandar uma cópia eletrônica pro professor, pra assegurar que o cachorro não vá comer, ou o gato não vá fazer xixi em cima... Outro detalhe: no meu curso, não tem provas. Toda a avaliação é feita por meio de artigos e ensaios sobre textos ou performances e também por meio de trabalhos práticos em oficinas.
Bom, depois de ouvir todos os detalhes sobre as formas de avaliação, a tutora nos entregou uma fichinha pra preencher, tipo uma auto-avaliação... tínhamos que escrever ali nossos pontos fortes e fracos considerando vida acadêmica. Aí, ela nos chamou, um por um, pra conversar a respeito e desenvolver um plano de ação pra manter os pontos fortes e suprimir as dificuldades. Achei bem legal isso. Escrevi que meus pontos fortes são justamente escrever artigos e pesquisar; escrevi também que não tenho problema com exposições orais. Nas dificuldades, coloquei que não me sinto à vontade com o trabalho corporal que o teatro exige. Quando ela me chamou e leu minha ficha, comentou que é bom que eu goste de escrever, porque vou ter oportunidade de escrever bastante, e quanto à fisicalidade do teatro, ela falou que não temos tanto trabalho corporal no nosso curso quanto o curso de atuação, mas temos algum. Ksenjia disse que eu fale com o professor cada vez que eu não quiser fazer algum exercício corporal por não me sentir à vontade, mas recomendou que, no devido tempo, eu me inscreva em oficinas de trabalho corporal pra aprender a me soltar mais. Mas sempre respeitando o meu tempo. Achei bem legal, bem interessante essa conversa inicial.
Depois de falar com a professora, fiquei conversando um pouco com a Pamela, minha colega, e descobri que tenho um colega português, cruza de um inglês com uma espanhola(!). O nome dele é James, ele é de Cascais e a gente conversou um pouco em português... mas eu entendo mais o inglês dos escoceses que o português de Portugal! hehehehehe...
E foi isso o meu dia...

Monday, September 18, 2006

Dia 13


Quarta-feira era o dia do tour literário, tínhamos combinado de nos encontrar às 13h em frente a um pub chamado Beehive Inn, na rua Grassmarket. Como eu não sabia onde era, peguei meu mui estimado e já amassado mapa e olhei lá. Não era longe da Princes Street, ficava na cidade velha. Peguei - adivinhem - o 26 e fui até o centro. Desci no início da Princes Street e subi a rua que tem ao lado, que eu não lembro o nome, que passa por uma igreja e pelo cemitério (lindo!). Continuei subindo a rua, passei por baixo de uma ponte e pelos fundos do castelo, até chegar a Grassmarket, uma ruazinha curta e charmosa, lotada de restaurantes, um coladinho no outro. Como ainda era cedo (fui cedo pro caso de me perder e ter tempo de me achar), sentei num banco da praça que tinha no meio da rua com a minha Orestéia e fiquei lendo por uma meia hora. Aí, resolvi comer... mas achei que em qualquer restaurante daqueles seria caro, então fui num cachorro-quente da esquina, mesmo. Bonzinho, mas sem graça... pão, salsicha, ketchup e cebola... só. Depois de comer, resolvi dar uma caminhada rua acima e descobri outra ruazinha, West Bow, que é a rua dos antiquários. Tem cada coisa maravihosa nas vitrines... tb achei lá um pub chamado Finnegan's Wake, que deve fazer parte do tour literário...
Voltei até o Beehive Inn e encontrei com alguns colegas que recém tinham chegado. Algumas das gurias entraram no pub pra pegar uma bebida (já) e eu fiquei na calçada, conversando com a Lorna e com a Fiona caloura. Descobri que, ao contrário do que eu imaginava, a Lorna não suporta o Anthony e ela tava comemorando que ela ia passar o dia sem vê-lo. Em seguida, chegou a Fiona formanda e, muito sem jeito, anunciou que não ia dar pra fazer o tour. Acontece que o tour é feito por dois guias, que são atores e interpretam personagens literários famosos e um deles ficou doente e o outro disse que não dava pra fazer sozinho. As coitadas das gurias que organizaram o negócio ficaram sem saber o que fazer, pegaram um mapa e pensaram em fazer o tour de qualquer forma... resolvemos simplesmente entrar no Beehive Inn, sentar e beber alguma coisa. Tinha um pátio lá, bem legal, que eles chamam de 'beer garden'. Como era o lugar mais espaçoso, fomos todos pra lá. Foi a chance de consolidar mais alguns nomes... Connie, Dawn, Fraser, Samantha, Chantelle, Scott e Layla. Algumas observações sobre as pessoas: a maioria das gurias usa maquiagem pesadona durante o dia e é bem acima do peso, e elas são grandes, não só 'fofas', são grandes mesmo. Tô até me sentindo pequena... Os guris são todos magrinhos e nenhum é muito alto. Note-se o contraste... São pouco que têm cabelos claro ou ruivos, ao contrário do que a gente pensa, mas quase todos têm olhos claros e pequenos. Individualmente, agora: a Lorna é de Aberdeen, tem 23 anos e, segundo ela, tá no quinto ano da faculdade, porque ela não passou no TCC. Ela é muito legal, é quem mais tem conversado comigo. A Fiona formanda é uma das poucas magras da turma... ela sempre se veste de forma elegante, mas tem um piercing na língua. Não sei muito sobre ela, só que ela aparentemente organiza os eventos extraclasse. A outra Fiona, caloura, é de uma cidadezinha perto de Edimburgo, que eu não lembro agora qual é. Ela trabalha na Marks & Spencer e também é bem querida. Só é um pouco tímida. A Sarah é inglesa, tem 18 anos, mas aparenta bem mais - não só por tamanho, mas por atitude também. É bem falante e gosta de chamar a atenção, principalmente dos meninos... mas é só pra provocar, porque ela tem namorado. Ela é legal também, conversa bastante comigo. A Pamela é daqui de Edimburgo e não é das mais falantes. Só sei que ela passou as férias em Los Angeles. A Dawn é bem quietinha, não sei nada dela. A Chantelle é daqui, ela já conhecia algumas pessoas, gosta de sair e de se maquiar, é muito simpática, mas não tive chance de conversar muito com ela ainda. A Connie é estranha, ela parece que tá sempre bêbada... não sei se é só impressão. Usa roupas bem maiores que ela e geralmente com estampas ou listras... é meio visualmente poluído olhar pra ela. Também não conversei muito com ela. A Samantha é outra representante das magras. Tem 22 anos, um piercing acima da boca e vive grudada no Fraser. Ela tem namorado e ele tem namorada, mas eles andam sempre juntos. Devem ser amigos de infância. Ah, e o pai dela se chama Gary - ela tomou um fogo e ficou repetindo isso a noite toda. Ela é fã do Cristiano Ronaldo e eu ensinei pra ela a expressão "Maria-Chuteira". O Fraser, como eu disse, anda sempre com a Samantha. Ele é muito engraçado, daqueles que gosta de contar histórias e falar alto. Tem 21 anos, é daqui também e é doido por futebol. Torcedor do Rangers, combinamos de trocar camisas quando ele descobriu que eu torço pro Grêmio - sim, ele conhecia o "time que lançou o Ronaldinho Gaúcho". O Scott tem 17 anos e é mágico. É só o que eu sei. E que ele tem andado bastante com a Layla, que eu achei que era de algum país árabe, mas ela é daqui. Deve ter ascendência árabe, porque os traços dela são bem característicos daqueles povos.
Ficamos no Beehive Inn até umas 16h... a maioria do pessoal foi embora um pouco antes, alguns tinham que trabalhar, alguns foram fazer outras coisas. Resolvemos ir pra outro pub que era mais barato, o Castle Arms, pertinho do castelo. Chegamos lá e fomos pra uma salinha com poltronas e sofás. Continuamos bebendo e conversando. Aí, conheci mais alguns colegas: Kim, que tem um amigo brasileiro e já esteve em São Paulo. Disse que sabia uma frase em português: "Lambe meus peitos", que os amigos ensinaram de sacanagem e mandaram ela fazer compras no centro de São Paulo, dizendo que era só ela chegar nas lojas e falar isso pros atendentes. Gary, 25 anos, de Glasgow, poeta, já morou um tempinho na Holanda e tem uma namorada holandesa. Ele é bem legal, também, mas faz aquele tipo "conquistador"... fala suave, olhando nos olhos, bem pertinho... e faz assim com qualquer mulher que fale com ele. Pobre namorada holandesa... Depois, falei também com a Joanne, 19 anos e muito simpática. Ela é de Inverness, às margens do Loch Ness. Carol, 22 anos, bebe bastante e fala bastante. Deu em cima do Gary a noite toda, sentou no colo e até acho que levou... os dois sumiram por uma meia hora... pro desespero da Sarah (!). A Carol conversou bastante comigo, perguntou um monte de coisas sobre o Brasil. E Marc, também de Edimburgo, usa uma boina que já faz parte dele e tarado por música. Conversamos um pouco sobre música, me perguntou sobre a música brasileira e diz que conhece um pouco de música folclórica latino-americana.
Saímos do Castle Arms em torno das 18h e resolvemos dar mais uma esticada... fomos até o The Tron. E lá ficamos até as 23h! Assistimos a partida entre Manchester United e Celtic (o Celtic perdeu, 3x2), assistimos a Carol fazer de tudo pra ficar com o Gary e a Sarah ter ciúmes e assistimos a Samantha chamar o Marc de Dave a noite toda. Foi um exagero - 10 horas de bebidas - mas foi muito legal, especialmente porque eu pude socializar com meus colegas novos, conhecê-los e ser conhecida.
Saímos de lá juntos o Gary, a Carol, a Joanne, a Sarah, o Marc e eu. A Sarah pegou um táxi, o Marc foi pra casa dele que era pra outro lado e eu, o Gary, a Joanne e a Carol descemos correndo até a Princes Street pra pegar o 26. Tava uma noite super agradável, nem quente, nem fria e tinha muita gente na rua. O centro de Edimburgo é muito seguro, tem câmeras de segurança e polícia sempre. Os ônibus funcionam quase 24 horas, mas depois das 23h45, o preço dobra. Então, corremos pra pagar a tarifa mais barata. Pegamos o último ônibus que custava £1. Cheguei em casa à meia-noite e encontrei a Claire e o Gareth preocupados, porque eu não tinha falado nada sobre sair e sempre tava em casa... vou ter que arrumar um telefone logo.
Mas valeu, foi muito tri!

Dia 12


Fui pra faculdade de manhã, tentar abrir conta no Royal Bank of Scotland (cuja sigla é RBS) que tem lá no campus. Fui até o Departamento de Ligações Internacionais e peguei uma carta que eles fazem pra gente entregar pro gerente do banco, confirmando que somos estudantes da Queen Margaret. Fui lá e o banco ainda tava fechado, então, fui campear a biblioteca - e é difícil de achar. Cheguei lá, dei um caminhada, não é muito grande... sentei em frente a um dos computadores e fui configurar minha senha de acesso à biblioteca no campus, porque eu só tinha configurado a senha de acesso fora do campus. Fiquei ali, fazendo um tempo, olhando e-mail. Quando eram 10 horas, voltei até o banco. Foi bem tranqüilo, entreguei a carta, mostrei passaporte, preenchi formulário... tudo normal. Só tenho que esperar 7 dias pra conta ficar ativa e eu marcar pra fazer os pagamentos da faculdade e do aluguel em débito...
Passei na União pra ver o que tinha, era uma "Feira dos Calouros". Saí de lá cheia de sacolas e folhetos de pubs, danceterias, revistas, agências de viagem... pelo menos, ganhei um monte de brindes! Desde absorventes até balinhas... hehehehehe.
Voltei pra casa, almocei e saí de novo. Fui até a Galeria Nacional pra ver a exposição do Ron Mueck, artista plástico australiano que ficou famoso por suas esculturas de pessoas em tamanho gigante ou muito pequeno. O cara é realmente o máximo! Fiquei muito impressionada com os detalhes absurdos das esculturas, tais como poros na pele, imperfeições, rugas, pêlos de tamanhos, texturas e cores diferentes, as cores da pele, veias, marcas, tudo! É muito impressionante mesmo!! Não fosse o tamanho surreal das obras, passariam por pessoas de verdade. O legal é que tinha um videozinho numa sala, mostrando como ele faz as esculturas. Ele primeiro faz uma série de desenhos e maquetes até chegar à idéia final. Depois, modela em argila a escultura com todos os detalhes. Em seguida, aplica um molde na argila, feito de silicone e fibra de vidro. Depois de secar, ele retira o molde e aí temos as esculturas que vemos expostas... a argila só serve pra molde, mesmo. É na fibra de vidro que ele faz os testes de cor e textura e depois dá os toques finais, como olhos e cabelos, que ele insere fio por fio. Os olhos são feitos de acrílico. É muito legal! Vale a pena ir a essa exposição! Pena que não dava pra tirar fotos...
Saí da Galeria e dei uma caminhada pela cidade velha... fui no Museu do Bank of Scotland, que lembra o Santander Cultural lá de Porto Alegre, e que tinha sido inaugurado aquele dia(!), depois fui na Catedral de Saint Giles. Muito linda, imponente, tem uma coroa na cúpula, muito legal. Só que tinha que pagar um dízimo pra tirar fotos dentro da igreja... e eu não tava a fim!
Depois, começou a chover e voltei pra casa, ler e descansar...

Dia 11


Acordei cedo e fui caminhando até a faculdade. Pensando em não me atrasar, cheguei cedo demais... hehehehe. Sentei nas cadeirinhas do corredor e fiquei esperando. Logo chegou a Lorna, conversamos um pouco, e em seguida chegaram os outros quartanistas, Fiona, Amanda e Anthony. Eles entraram no teatro pra organizar e eu fiquei no corredor, esperando meus colegas. Chegaram a Sarah e a outra Fiona, que eram quem eu conhecia pelo nome até então. Entramos no teatro, sentamos e o povo foi chegando e se acomodando. As professoras Lynne, Lizzie e Ksenjia chegaram só pra dizer que ainda não tinham nada pronto pra nos entregar e dar um oi...dito isto, foram embora. Os quartanistas então pediram a todos nós, calouros, que subíssemos no palco e ficássemos em dois círculos, um dentro do outro. Cada um de nós tinha que ficar em frente a outra pessoa. Quando estávamos assim organizados, sentamos. A brincadeira era pra gente se conhecer. Tínhamos que conversar com a pessoa em frente até a Lorna gritar "move", daí nós do círculo de dentro tínhamos que girar no sentido horário, parando em frente à próxima pessoa e conversar com essa outra pessoa até ouvir a ordem novamente. Aí aprendi mais nomes, não todos, mas alguns mais. Descobi que meu nome era lembrado por quase todos, porque já tinham ouvido falar que alguém tinha um nome "diferente" na turma. Também descobri que a grande maioria dos meus colegas é da Escócia mesmo. Nem sempre de Edimburgo, alguns são de Fife, de Aberdeen, Inverness, Glasgow... e tem 2 ou 3 ingleses. Brasileira, só eu... risos.
Depois desse jogo, fizemos outros três pra descontrair. Foi bem legal. Depois disso, fomos liberados pro almoço. Comi umas frutas e barrinha de cereal que tinha levado de casa e fui procurar a professora Lizzie pra entregar meus documentos. Cheguei na sala dos professores, encontrei as três profes lá e falei com a Lizzie. Ela me disse que minha pasta estava no grupo errado, que elas já tinham encontrado. Conferiu meus certificados, pegou a foto e a ficha preenchida e colocou na pasta. Tudo certo.
Voltei pro teatro e fiquei sabendo que as informações sobre os workshops da semana já estavam dispostas no quadro de avisos do curso, que fica atrás do palco. Fui lá pra me inscrever. Quando consegui chegar até o quadro, quase todos os workshops já estavam lotados! Consegui me inscrever pra dois, na sexta-feria. Pelo menos, peguei o de direção. E me surpreendi com a imensa fama do Augusto Boal por esses lados! Tinha um workshop sobre os jogos dele, que foi o que lotou mais depressa. A galera aqui é louca por ele! Senti orgulho de saber que um brasileiro faz tanto sucesso aqui!
Na volta do almoço, então, os quartanistas apenas deram maiores detalhes sobre os workshops e combinaram um tour literário pra quarta-feira e uma reunião na quinta de manhã. Depois dessas informações complementares, fomos liberados.
Passei no JobShop, um escritório da universidade responsável por postar vagas de emprego pros estudantes, e fui ver se achava alguma coisa. Pra minha surpresa, descobri vagas pra professores de qualquer matéria e pra tradutores. Peguei o e-mail de contato e mandei o currículo quando cheguei em casa. Agora, é esperar pra ver... Fiquei o resto do dia em casa, fazendo a indução de TI e da biblioteca. Tinha que acessar o site de Ensino à Distância da universidade e ler uns textos sobre como usar os recursos de informática e os recursos da biblioteca, configurar e-mail e senhas, essas coisas. E continuei lendo a Orestéia.

Dia 10


Domingo eu acordei, lavei a louça e fui ao mercado. Voltei pra casa, fiz almoço e peguei uma carona com o Gareth até o centro pra buscar meu laptop - ebaaaaaaaaaaaaaaaaa!!! Cheguei lá, peguei ele e voltei pra casa ligeirinho pra instalar. Foi bem fácil, e já consegui usá-lo de imediato. Fiquei só na internet o resto da tarde, lendo e respondendo e-mails e falando com as pessoas no msn. Estamos captando uma conexão sem fio de alguém da vizinhança, mas nem sempre funciona direito...
De noite eu fiquei lendo os textos pra faculdade, terminei de ler Everyman e (re)comecei a Orestéia. E foi só... fui dormir cedo porque tinha que acordar cedo segunda, pra estar às 9h na faculdade.

Sunday, September 17, 2006

Dia 9


Sábado era o dia do city tour e jantar oferecidos pela Universidade pros alunos internacionais. Cheguei aos portões da universidade pouco antes das 13h, horário combinado. Conheci a Linda, de Hong Kong, e a Noor, da Jordânia. Tinha umas canadenses, umas alemãs, um francês, umas jamaicanas e dúzias de indianos! Ganhamos etiquetas pra escrever o nome e o país de origem e grudar na blusa e números pra um sorteio no final do passeio. Foram 3 ônibus saindo de Corstorphine. Primeiro, fomos até South Queensferry, uma cidadezinhazinha pertinho de Edimburgo, à beira do rio Firth of Forth (cujo nome é difícil até para os nativos pronunciarem). Lá, vimos as duas pontes que ligam as margens do rio... do outro lado, a cidade de Fife. Uma das pontes foi construída no século XIX e é pra trens somente. Diz a lenda que quando construída, perguntaram para o engenheiro repsonsável quanto tempo a ponte duraria e ele respondeu: "se bem cuidada, pra sempre!". A outra ponte, moderna, data do século XX e é para carros. E vive em constante manutenção devido ao alto tráfego, o que resultou em estudos atuais para a construção de uma terceira ponte. No rio, barcos de todos os tipos, desde simples velas até transatlânticos, passando por cargueiros. Tava um dia lindo e quente! Na margem de cá, um gurizinho de não mais que 10 anos de idade tocando gaita de fole e muita gente nos pubs da beira do rio. A guia no contou que a cidade de South Queensferry leva esse nome porque era lá que a rainha Margaret pegava a balsa pra ir viajar. Depois da parada pra fotos, voltamos aos ônibus pra passear pelas ruas extremamente apertadas da cidade, aquelas ruas medievais... em alguns momentos, achei que o ônibus não ia passar! Muito legal!
Voltamos por fora da cidade, passamos pelo aeroporto que hoje em dia faz e recebe vôos de várias partes da Europa e do mundo (só não do Brasil), não sendo mais necessário para os escoceses ir até Londres pra fazer um vôo internacional. Entramos na cidade por Corstorphine, o bairro em que eu moro e onde fica o campus central da universidade. Aí, descobrimos que Corstorphine era uma cidadezinha à parte que foi absorvida por Edimburgo e virou um bairro da capital. Passamos em frente ao zoológico, que tem como símbolo um pingüim porque, segundo a guia, os pingüins foram os animais exóticos que melhor se adaptaram à vida por aqui: cresceram, procriaram e hoje são a atração principal do zoológico.
Fomos até o Castelo. Agora posso falar mais dele... foi onde a cidade começou, muiiiiiiiiiiito tempo atrás, mais ou menos quando os romanos andaram por essas bandas. Aliás, Edimburgo, como Roma, foi contruída sobre sete morros. Num deles, uma enorme rocha vulcânica, fica o majestoso castelo. Na verdade, ele é um conjunto de várias construções e a mais antiga conservada ainda hoje data do século XIII. É uma capela. Descemos dos ônibus na rua e subimos o morro até a entrada do castelo. Parada pra fotos, apenas, não entramos lá (até porque a entrada é meio cara, mas tô sabendo que dia 23 de novembro a entrada é franca). Dali, descemos de volta aos ônibus pra ir até o outro extremo da Royal Mile - Holyroodhouse.
Antes da parada no palácio oficial, contudo, entramos no Holyrood Park - fantástico! É uma reserva natural no meio da cidade, com montanhas lindas, trilhas, lagos e tudo o mais. Subimos numa das montanhas, de onde pudemos ver o Mar do Norte e, no horizonte, a fronteira com a Inglaterra. Show!!
Na descida, paramos pra bate fotos do Palácio de Holyroodhouse e do Parlamento Escocês, cuja arquitetura contrasta absurdamente com tudo o que tem na volta. É um prédio super moderno e muito bonito também! Tem uma parede qué forrada com pedras que trazem gravados frases e pensamentos de grandes escritores e personalidades britânicos. Muito interessante!
Ah, em toda a área do Palácio, do Parlamento e do parque tem umas esculturas espalhadas... são animais esculpidos em pedra, bem bacana!
Depois dali, subimos o Calton Hill, um lugar tudo de bom pra ver o pôr-do-sol, mas os guias não recomendam que subamos lá à noite! Contudo, parece ser o lugar preferido de noivos... tinha uns 4 casamentos acontecendo lá em cima! Tem o Nelson's Monument lá, em homenagem à vitória do general na batalha de Trafalgar (eu acho). Funciona também como um ponto de referência para os barcos que vêm pelo rio, junto com um disparo de arma todos os dias pontualmente às 13h. Também em Calton Hill tem um monumento que lembra os templos romanos, mas que nunca foi terminado - segundo a guia, os escoceses foram muito pobres pra terminar, mas muito orgulhosos pra desmanchar... hehehehe. E ainda tem o observatório astronômico da cidade, que aparentemente não funciona mais ali. Mesmo assim, vale dar uma olhada nas construções. E claro, o morro oferece uma vista da cidade em 360 graus!
Descemos do morro e fomos dar um passeio breve pela cidade nova, passar pelas três ruas principais - Princes Street, George Street e Queen Street, cada uma com uma praça em cada ponta.
Depois, fomos para o Holiday Inn ao lado do zôo para desfrutar do nosso jantar... muito bom. Tinha uma sopa de tomate e coentro de entrada e um buffet muito gostoso depois, com carne, salmão, massas e saladas. Experimente o tal Yorkshire pudding, que eu não sei explicar o que é, só sei que é famoso e não tem gosto de nada. Tinha várias tortas de sobremesa! Comi uma de frutas silvestres que tava uma delícia!
E vejam só: eu, que nunca ganho nada em sorteios, ganhei uma caixinha de doce! Foi um dia muito legal!

Dia 8


Sexta-feira era dia de indução (que mania) no curso. Eu tinha recebido um informativo dizendo que ia ser às 10h no Gateway, que é um teatro da universidade e fica no bairro de Leith, um tanto longe de casa. Peguei o 26 (sempre ele) e fui até lá, de mapa na mão. Leith é onde ficam as docas e o porto de Edimburgo, hoje em dia uma área bastante turística, que mistura prédios antigos e modernos, tem shopping centres e vários restaurantes. A Universidade tem dois campi lá... o Leith e o Gateway, que é exclusivo pra galera do teatro (te mete!). Cheguei lá, entrei e fui até a recepção... tinha um povinho ali reunido... lembrei de ter visto alguns rostos no dia da matrícula. Uma guria parou ao meu lado e perguntou qual era o curso que eu ia fazer. Respondi 'Drama and Theatre Arts'... ela me olhou espantada e perguntou se eu tinha certeza que a minha indução era no Gateway. Estranhei, mas afirmei que tinha certeza. Ela falou que tinha amigos que iam fazer o mesmo curso e que tinham ido pro campus principal, em Corstorphine. Tentou ligar pra eles, mas não conseguiu. Esperei, apenas. Até que apareceram uns professores e começaram a chamar os cursos... Atuação, Produção, Performance Contemporânea... e nada do meu curso ser chamado. Ficamos três perdidas...resolvemos seguir as pessoas e perguntar. Primeiro, nos mandaram pro estúdio 4, no terceiro andar. Chegamos lá e não tinha ninguém. Perguntamos pra outra pessoa que nos levou até uma sala que parecia um almoxarifado... lá encontramos a Lynne, a professora responsável por ler as inscrições e decidir quem entra e quem fica de fora. Ela nos pediu desculpas e avisou que realmente, a indução do nosso curso seria no campus de Corstorphine, às 13h. Pelo menos, não tínhamos perdido nada. Acontece que na quinta tinha um evento pra 'quebrar o gelo' e foi avisado durante esse evento que a indução seria no campus principal. E, como vocês sabem, eu fui na Polícia quinta-feira, porque nos meus folhetos dizia que o tal 'quebra-gelo' não era um evento obrigatório. Enfim... saí do Gateway conversando com as duas outras trouxas que não compareceram ao evento do dia anterior. Conheci minhas duas primeiras colegas. Pamela, escocesa, e Sarah, inglesa, mas morando em Edimburgo já há algum tempo. A Pamela foi pra casa e eu e a Sarah caminhamos até o centro, conversando. Da Princes Street, ela foi pra casa também e eu fui comprar meu querido laptop! Cheguei na loja e escolhi... tava muito ansiosa sem computador, sem ter um contato direto, fácil, rápido e barato com o Brasil. Peguei um precinho razoável, mas eles não tinham o bichinho na loja... teria que voltar lá sábado ou domingo pra buscar. Tudo bem. Paguei, peguei a nota e peguei o meu já conhecido 26 de volta a Corstorphine.
Desci na universidade, tirei meu sanduíche da bolsa e sentei num banco pra comer. Não como mais na rua, muito caro. Depois de comer, caminhei até o prédio principal e perguntei onde ficava o teatro. Achei bem fácil, sentei numas cadeiras que tem no corredor e esperei. Quando a Sarah e a Pamela chegaram, sentaram comigo e ficamos conversando até às 13h, quando entramos no teatro. Sentamos e o povo foi chegando. Tinha algumas cadeiras no palco, uma mesa no canto e um cavalete com umas listas. Os professores foram chegando também, e ocupando as cadeiras do palco. Tinha alguns alunos do terceiro e quarto anos lá também. Quando o pessoal terminou de entrar e se acomodou, a Lynne, aquela professora que tinha falado conosco no Gateway, começou a falar. Ela apresentou quem tava no palco: as professoras Lizzie e Ksenjia (é assim mesmo, não é erro de digitação e lê-se Quissênia) e os 'graduandos' Fiona, Lorna e Anthony. Em seguida, ela pediu desculpas porque eles estavam desorganizados e atrasados, então eles não tinham nossos horários de aula nem o material do curso pra entregar e anunciou que em virtude disso, nossas aulas não começariam no dia 11, como previsto no calendário. E eu já comecei a achar que eles tavam pedindo desculpas demais... e também fiquei irritada, porque sem saber meu horário de aulas ia ficar difícil procurar trabalho, tarefa que eu teria que prorrogar por mais uma semana. Em seguida, Lynne passou a palavra aos alunos, que explicaram que durante toda a semana seguinte aconteceria um simpósio organizado por eles, pra 'tapar o buraco' da primeira semana de aula que não aconteceu. Dadas essas informações iniciais, fomos separados em grupos para seguir o procedimento de registro no curso e verificação de certificados. Disseram-nos para olharmos as listas no cavalete e ver em qual grupo deveríamos ficar. Cheguei lá e vi meu nome no grupo da Lizzie e fui pro estúdio 1 com os demais. Basicamente o que tínhamos que fazer era preencher uma folha com detalhes de contato, entregar duas fotos e mostrar os certificados escolares. Que eu não tinha levado aquele dia. Não tinha nada dizendo pra levar os certificados aquele dia, eles tinham mandado levar no dia da matrícula! Preenchemos a folhinha e fomos dispensados pra um intervalo de 10 minutos. Na saída, chamei a professora e expliquei que estava sem os certificados. Ela falou que tinha mais gente sem, e me disse pra levá-los na segunda. Quando voltamos do intervalo, ela sentou e chamou-nos um a um pra entregar a ficha e as fotos e colocar numa pasta individual. Esperei, conversando com outra Fiona, colega nova, também escocesa. E a profe chamou todo mundo, menos eu. Eu não existo... indagações existencialistas à parte, fomos tentar descobrir o que houve com minha pasta. Fomos até a sala dos professores e não estava lá. A Lizzie ligou pra não sei onde e também não estava lá. Ficou tudo pra segunda-feira e fui dispensada, sem ter a melhor das primeiras impressões do meu novo curso... Saí da sala dos professores e encontrei a Lorna (do quarto ano), o Anthony (também do quarto ano), a Amy (o segundo ano) e a Nikii (bixo) e eles me convidaram pra ir até o bar da União dos Estudantes. Como eu não tinha ido lá ainda, aceitei. Chegamos lá, sentamos, o pessoal pegou alg pra comer e beber, eu só fiz companhia. Durante toda a primeira semana, a União tava promovendo eventos e na sexta, era o "dia da diversidade", então tinha apresentações de dança indiana e capoeira, tinha comida não sei de onde e me surpreendi quando começou a tocar cumbia!! Por meia hora, me senti em Livramento! Foi muito engraçado... e os escoceses não faziam a menor idéia do que era aquilo! Mas como eu ainda tava gripada e a tosse tava piorando deter que falar alto por causa da música, resolvi ir pra casa. Cheguei em casa e fiquei assistindo tv com o Gareth e a Claire (a Eva foi embora de manhã).

Dia 7


Feriado no Brasil, dia normal na Escócia. Acordei mais tarde, almocei e dediquei um certo tempo ao mapa pra descobrir onde era o QG da Polícia. Achei o lugar, peguei o ônibus 26 (que serve pra tudo) e fui pro centro. Desci na Princes Street, caminhei até a Hanover Street e peguei o ônibus 24 ou o 42 de novo. Desci no lugar certo dessa vez e caminhei até a Fettes Avenue, mas cheguei cedo... o departamento responsável pelos registros internacionais só abriria em 15 minutos. Sentei na recepção com minha cópia de 'Everyman' e fiquei lendo até o seu guarda me chamar. Levei toda a documentação, paguei (grrrrrrr) a taxa de £34 e ganhei um recibo e um bilhetinho me mandando voltar lá dia 22 pra pegar meu certificado. Voltei caminhando por uma vizinhança muito agradável... no final da rua tinha um prédio lindo, parecia um castelo... perguntei pra policial que me entrevistou no registro o que era e ela falou que era um colégio! Passei por capelas, parques cheios de gurizada de colégio jogando bola, um campo de rugby, aquelas ruas estreitas e curvas, com casas e prédios vitorianos - ah, eu tava na cidade nova! Passei também por umas lojas de bairro muito simpáticas e finalmente consegui comprar um relógio não muito caro... hehehehehe. Voltei até um ponto e peguei o ônibus mais um vez, de volta ao centro e tentei abrir uma conta no Royal Bank of Scotland, mas eles não aceitaram meu contrato de aluguel como comprovante de residência! Assim, do centro, fui pra casa. No mais, foi isso. Sem Hino Nacional e sem desfile...

Dia 6


Quarta-feira era dia de matrícula. Antes de ir pra universidade, a Claire e a Eva me convidaram pra dar um passeio no centro. Elas iam de tarde, então eu sugeri de combinarmos hora e local de encontro. Mas o Gareth disse que ia conseguir um celular pra mim. Ele me emprestou um aparelho antigo dele e me (ven)deu um chip que ele tinha conseguido baratinho com um amigo. Colocamos o chip no aparelho, mas como era um número pré-pago, tinha que colocar crédito pra ele começar a funcionar. Tudo bem, anotei o telefone da Claire e disse que ia mandar um torpedo pra ela pra gente se encontrar. Juntei minha papelada e fui pra universidade. Cheguei cedo, 10h40, sendo que minha matrícula tava marcada pras 12h. Fui na lojinha que tem lá comprar créditos pro celular - o valor mínimo é £10. É igual ao Brasil: um papel com uma série de números que a gente tem que digitar depois de fazer uma ligação. Só que eu não consegui fazer a ligação, a porcaria tava sem sinal. Já viu um celular gsm sem sinal... pois é, tem. Enfim, cansei de tentar conseguir colocar crédito naquela coisa e fui almoçar no restaurante, que de RU só tem a bandeja. É bem carinho pra ser restaurante universitário... mas comi uns canelones bem bonzinhos. Saí dali e entrei na fila quilométrica do povo esperando pra fazer matríula. E já comecei a ver aquelas figuras estranhas que costumam vagar por cursos de teatro... hehehehehehe. Dali a pouco veio uma tia dar instruções: a gente tinha que descer uma escada, entrando na padaria (é, isso mesmo), ir na primeira mesa e dar o nome, pegar uma ficha, sentar e conferir os dados da gente, escrever qualquer alteração e ir até qualquer pessoa que estivesse trabalhando nos computadores pra entregar a ficha. Fiz tudo isso e a moça do computador me mandou passar para o ginásio, pra pegar meu cartão de estudante e a agenda. Só que pra pegar o cartão, tinha que ter mandado uma foto tempos atrás e eu não mandei. Não tem problema, a gente faz na hora. E tinha ali umas pessoas tirando foto da gente, que já passava direto pro computador, pra impressora e já saía prontinho o cartão. Não sei pra que mandar a foto com antecedência, então... risos. Peguei o cartão, peguei a agenda, peguei a ficha pro departamento financeiro (ai) e o livreto da tal da indução de TI e da biblioteca. Cheia de papel, subi a escada e peguei um ônibus pro centro.
No centro, primeira coisa: fui numa loja da O2, a operadora do meu chip, tentar fazer o celular funcionar. O cara mexeu, olhou, testou aparelho e chip e chegou à conclusão que o aparelho que não prestava. A intenção foi boa. Quando me dei conta que não ia encontrar as gurias, resolvi que eu ia até a polícia, porque por algum motivo obscuro brasileiros têm que fazer um registro lá. Num folheto que me deram, dizia pra pegar ônibus na Hanover Street, o 24 ou o 42. Fui até lá, peguei o ônibus e fui cuidando no mapa. Desci perto da Fettes Row e fui andando, andando... até eu descobrir que a polícia não era lá, era na Fettes Avenue, que é mais longe. Nem aparece no meu mapa. Me irritei e voltei a pé pro centro. Ainda parei numa loja de produtos pra cabeleireiro no caminho pra comprar um pente, porque quebrei o meu ainda no Brasil. Só que não existe pente de madeira nessa terra!! Comprei um de plástico, mesmo. Mas acho que vou começar a importar pente de madeira e revender!
Cheguei em casa de noite e contei a função pras gurias. Conversamos bastante aquele dia, elas perguntaram várias coisas sobre o Brasil... e elas descobriram que lá faz frio também e às vezes até neva; que a gente fala português e não espanhol e que a nossa capital é Brasília e não o Rio. E a Eva me perguntou o que significava "Mas que nada", título da música do Dorival Caymmy que tá fazendo sucesso na Europa na versão do Sérgio Mendes com os Black Eyed Peas.
Até que foi um dia bom, no fim das contas.

Dia 5


Terça-feira foi a primeira vez que eu entrei na universidade. Tinha uma palestra pros alunos estrangeiros, ou internacionais, como eles nos chamam. Cheguei lá, entrei e fui procurar ajuda. Uma moça me informou que tinha acontecido uma palestra às 11h da manhã, já era meio-dia. Informei a moça que eu recebi uma carta dizendo que haveria outra às 14h30 e ela, não sabendo confirmar, encaminhou-me para o Departamento de Ligações Internacionais. Cheguei lá e outra moça me atendeu e confirmou minha informação. Como ainda era cedo, saí dali e fui almoçar - um sanduíche - num bar da universidade. Bem carinho, por sinal. Depois de comer, sem nada útil pra fazer, sentei numas cadeirinhas que tem à disposição no corredor e fiquei observando a diversidade da fauna universitária - e a imensa quantidade de indianos que tem nessa cidade! Resolvi ir procurar a sala onde ia ser a palestra. Complicado... vai até o fim do corredor, dobra à direita, vai até o fim do corredor, dobra à direita de novo, desce as escadas, passa as portas, dobra à esquerda e vai até o fim do corredor. O problema era achar as escadas... e depois de achar e descer e passar as portas, ter a sensação de ter chegado a um tipo de depósito, fazer o caminho inverso e perguntar de novo onde é a sala e confirmar que é lá mesmo. Fiz a manobra toda mais uma vez, passei as portas e entrei no corredor do "depósito", até achar, de fato, a sala 217. Tinha um guri sentado lá dentro. Entrei, sentei do lado dele e perguntei se era ali mesmo, e ele disse que achava que sim. Ainda indicou um relógio na parede, dizendo que faltavam ainda 40 minutos pra sessão começar. Como é desconfortável estar num lugar estranho com uma pessoa estranha e ninguém na volta. Tentei... perguntei de onde ele era, achando que podia ser de um lugar interessante. Resposta: "Seattle". Sem graça. Minha vez de responder: "Brazil". Ahhh...legal. Silêncio. Então, o estaduninse, numa tentativa de quebrar o gelo, pergunta se é verdade que existe selva no Brasil!!! Sim, é verdade... mas não tem macaco e cobra andando na rua!!! Silêncio. Enfim, entrou uma alemã na sala e saiu um pouco mais de conversa. Logo chegou o Pete, responsável pelo tal Departamento de Ligações Internacionais, e nos agraciou com chá e biscoitinhos. E notamos que o relógio da parede estava quebrado.
Chegaram mais uns poucos alunos estrangeiros e tivemos uma hora bm agradável, com informações úteis e importantes, sobre a abertura de contas em bancos, o sistema de saúde, trabalho, carreira, segurança dentro e fora da universidade... e um convite pra um city tour e um jantar no sábado, concedidos pelo próprio Departamento etc etc. Bem tri!
Saí de lá com total certeza da minha gripe e fui ao supermercado, o Tesco, agora sim pra fazer rancho. Sim, eu tinha que tomar vergonha na cara e começar a cozinhar. Comprei umas coisinhas básicas, leite, frutas, verduras, frango, massa, arroz... e vim pra casa comer e curtir um resfriado. Conheci a Eva, amiga da Claire que chegou de Dublin pra passar uns dias em Edimburgo. Bem querida, mas conversamos pouco, ela chegou tarde e eu fui pra cama em seguida pra ver se melhorava da gripe.

Dia 4


Segunda-feira não tinha muito o que fazer. Acordei, comi um sanduíche e fui pro centro de novo, buscar umas fotos que eu tinha mandado revelar no domingo. Um filme que eu trouxe do Brasil e que tem fotos dos meus alunos queridos e da minha última noite em Porto Alegre! Saudades...
Voltei, assisti TV com meus colegas e fui até um restaurante chinês perto daqui comprar minha janta. O problema é que os chineses daqui são ultra apimentadossss!!! Mas comi... não ia colocar fora.
Enfim, uma segunda-feira típica, sem grandes acontecimentos. Ah, eu conheci a Claire hoje... confesso que eu tava com medo dela, porque tudo o que eu perguntava da casa pro Gareth, ele respondia que a Claire é que sabia. Daí, imaginei que quem mandava era ela. E, de fato, quem manda é ela, mas ela é muito simpática, não precisa ter medo.

Saturday, September 16, 2006

Dia 3


Domingo foi um dia muuuuuito bom! A chuva parou e o tempo abriu e esquentou. Resolvi que eu ia fazer minha primeira incursão pelo centro da cidade. Ganhei uma carona do Gareth, que estava saindo pro trabalho (meus colegas trabalham em hotéis no centro). Fui até o trabalho dele, de onde seqüestrei mapas e vários folhetos de atrações turísticas, que me têm sido muito úteis. Dali, fui caminhando pela cidade velha até a Royal Mile, que, fui aprender depois, tem esse nome porque é uma rua que começa no Castelo de Edimburgo e termina no Palácio de Holyroodhouse (residência oficial da Rainha na Escócia). Almocei um outro sanduíche num bar antes de alcançar a Royal Mile. Quando cheguei na tal rua, simplesmente fiquei de queixo caído. É maravilhosa!! Uma rua medieval, cheia de pubs casas antigas e pequenas ruelas derivando dela, que são chamadas 'closes'. Cada 'close' tem um nome, geralmente de uma pessoa que morou por ali. Ainda não desci por nenhum deles, mas é parte do plano. O mais famoso é o Mary King's Close, pelo qual se pode fazer uma caminhada conduzida por um guia vestido a caráter com roupas do século XVII. Voltando à Royal Mile, quase todos os pubs têm uma placa na porta explicando a sua história ou a origem do nome. Alguns datam dos séculos XV e XVI. E tem também milhares de lojas familiares, fábricas de kilts e de gaitas de fole, pequenas livrarias, museus... também fica na Royal Mile o centro de contação de histórias (Scottish Storytelling Centre), que vai hospedar o Festival de Contação de Histórias no fim do mês. Não me agüentei (aliás, vocês vão ver essa frase muitas vezes por aqui) e comprei um cartão telefônico internacional, entrei numa cabine de telefone vermelha e liguei pra casa, pra contar pra minha mãe e pra minha irmã tudo o que eu estava vendo! E senti que precisava de uma câmera fotográfica (hihihihihihi)... continuei andando depois de conversar por uma meia hora no telefone e cheguei à Northbridge. Tem essa rua estranha que na verdade são duas pontes, a do Norte e a do Sul. O estranho é que a gente não se dá conta que está em cima de uma ponte, pq só vê prédios dos dois lados. Mas enfim... tem um ponto de cada uma que dá pra ver que é uma ponte. Continuei caminhando pela Northbridge e vendo mais pubs, bares e lojas de todo tipo. Tudo aberto e com um certo movimento, já que era o dia do encerramento oficial do Festival Internacional de Edimburgo. Fui até a Princes Street, a rua principal do centro. Princes Street também é algo à parte. É uma avenida que divide a cidade velha (medieval) e a cidade nova (século XVIII). Só tem construções de um lado da avenida, pra deixar a vista liberada pro Castelo, do outro lado. Na parte construída, tem prédios antigos maravilhosos, todos hospedando as mais modernas lojas na parte térrea. Tem de tudo: grandes lojas de departamentos, como a Marks and Spencer e a Jenners (que é a Harrods escocesa), muitas lojas de telefonia móvel, redes de fast-food e um Starbucks Coffee em cada esquina. Do outro lado da rua, tem um ponto que tem uma estação de trem, a Waverley, que fica subterrânea. Acima a estação, tem um shopping que está em fase de remodelação e o centro de informações turísticas (ambos um nível abaixo da calçada). Adiante um pouco, entre a avenida e o Castelo, tem os jardins... Princes Street Gardens! Gente, eu não desci lá ainda, mas já deu pra ver que é o máximo! Descobri depois que o lugar onde ficam os jardins era um Loch (lago) em que a Inquisição jogava mulheres suspeitas de bruxaria. Se elas se afogassem, eram inocentes, se não, eram bruxas e eram queimadas na fogueira. Não tinha mesmo como escapar. Enfim, depois de passada essa época, resolveram drenar o lago e construir os jardins. Linda história... Caminhando mais um pouco, tem duas galerias de arte, as National Galleries of Scotland, que freqüentemente hospedam exposições de artistas renomados. No momento, as esculturas de Ron Mueck estão expostas lá. Continuei caminhando e encontrei uma loja de equipamentos digitais!!! Que felicidade! Entrei, escolhi uma ofertinha básica e comprei minha máquina digital. Saí da loja e sentei num banco numa praça pra aprender a lidar com o troço. Nem li manual. Só liguei e fui mexendo... coloquei as pilhas e fui fuçando. Só tinha um probleminha: não tinha jeito de eu conseguir abrir o pacote do cartão de memória! Tentei na unha, tentei com a chave, não deu. Aí, eu tive uma idéia: ir tomar um café nalgum lugar e pedir uma faca ou tesoura emprestada. Fiz meu caminho de volta, ainda sem poder bater fotos. Andei, andei, até achar um lugar que parecesse bom sem ser muito caro. Voltei na Northbridge e lá encontrei um café dentro de uma galeria com jeito de ser bom e barato. Entrei, sentei e pedi uma fatia de torta de chocolate (totalmente deliciosa!) e um Earl Grey (eram mais ou menos cinco da tarde... risos). Como a torta veio com garfo e faca, não precisei pedir... consegui abrir meu pacotinho. Pena que eu consegui fácil, porque podia ter pedido a ajuda do moço de olhos azuis que tava atendendo... hehehehe. Devia ter me feito de abobada. Bom, com cartão de memória em mãos, máquina pronta, voltei pra rua e saí tirando fotos de tudo. Algumas vocês podem conferir aqui, outras no meu álbum do orkut e mais ainda no fotolog que eu tô fazendo. E assim voltei até os jardins da Princes Street pra ver o espetáculo de fogos de artifício que encerraria oficialmente o Festival. Depois que o sol se foi, porém, esfriou... e a minha garganta reclamou mais. Mas fiquei lá, firme (tremendo de frio) até o final do espetáculo. E valeu a pena... cerca de 45 minutos de fogos de artifício acompanhando a orquestra de câmara de Edimburgo, ao tema de Romeu e Julieta de Prokofiev - o que teve um sabor especial pra mim. Voltei pra casa às 23h, com fome e com frio, mas muito feliz!

Dia 2

No sábado choveu. Acordei, arrumei o resto das minhas roupas nas gavetas e nos armários e tive que deixar algumas ainda dentro da mochila, que não vão caber em lugar algum. Tentei sair de casa, mas não consegui, visto que eu não sabia do esquema estapafúrdio pra abrir a porta - eu não ia imaginar que tinha que puxar a maçaneta pra cima enquanto gira a chave pra poder destrancar a porta. Assim, tive que esperar o Gareth chegar do trabalho pra poder sair de casa. Ainda não tinha conhecido a Claire, que é de uma cidade chamada Dundee, a uma hora daqui, e era lá que ela estava.
Enfim, meu colega de casa chegou e me ensinou como usar a porta (dã) e eu pude ir dar um passeio pelo bairro depois de comer o resto de fish and chips de sexta à noite. Saí pra dar uma caminhada meio sem rumo debaixo da chuva. Encontrei pracinhas, um centro de lazer, um pub (óbvio) e um centro de apostas em meio às casinhas geminadas todas no mesmo tom de marrom com rosas maravilhosas nos jardins. Mas o mais legal foi que eu encontrei a universidade! hehehehe E descobri que dá pra ir a pé até lá... leva uns 20 minutos, mas faz bem pro corpo e pro bolso.
Depois da minha caminhada, simplesmente voltei pra casa, passei a mão nuns trocos e fui até o mercadinho da esquina (sim, tem disso aqui) comprar umas coisinhas pra fazer um sanduíche. O mercadinho é bem simpático, chama Scotmid, é uma rede de mercadinhos de bairro (como em Porto Alegre). Não é o lugar mais barato pra "fazer rancho", mas quebra um galho. Voltei pra casa, comi meu sanduichezinho e tomei um suco e fui dormir, sentindo a garganta arranhar...

Sunday, September 10, 2006

E passada uma semana...


Bom, pessoas, estou em divida com vcs. Mas td se resolve: vou postar aqui como foi, em detalhes e sem acentos, a minha primeira semana em Edimburgo. Primeiras impressoes: o povo eh muito simpatico, muito educado com desconhecidos, mas levemente porquinho... tem uma quantidade consideravel de lixo nas ruas, infelizmente. Telefonar pro Brasil eh muito caro. Frutas tb sao caras - obvio. A cidade velha eh maravilhosa! A gente tem que levantar a macaneta de um jeito estranho pra chavear a porta. Nao tem chaleira normal na casa que eu moro, soh eletrica, o q complica bastante na hora do mate, pq a dita-cuja nao chia! Alias, eu esqueci minha bomba em Porto Alegre, ateh tentei tomar chimarrao de canudinho, mas eh ruim... fico aguardando a minha pelo correio. Ah, e fez sol e calor a semana inteira, viu, seus agourentos?!!! hehehehe... Vamos aos detalhes, entao...


Dia 1

Eu vou considerar o primeiro dia com sendo dois, tah? Sai de Porto Alegre as 8h da manha... confesso que quando o aviao levantou voo e eu vi a cidade de cima talvez pela ultima vez em uns dois a tres anos, chorei. Comecou a cair a ficha ali. Cheguei a Sao Paulo por volta das 9h30 e nao encontrei meu (melhor) amigo Liandriiinho (ele ainda me mata por isso), com quem eu tinha marcado. Liguei pra ele, tava no metro, indo pro aeroporto. Conseguiu chegar lah quase as 11h... hehehehe. Sampa eh grande demais! Almocamos uma suculenta pizza hut e fui pra fila interminavel do guiche da Air France... e quando eu quase alcancava o ponto do check in, um rapaz da companhia me deu a noticia que eu pagaria U$ 150 por uma mala a mais que eu queria despachar... (esqueci de mencionar que em POA eu paguei R$90 de excesso de bagagem)! Pra evitar o excesso de dolares, sai da fila, abri a mala e tentei tirar dela td o que era cosmetico e enfiar nas outras, pois em funcao dos ataques terroristas, tais produtos nao sao mais permitidos na bagagem de mao. Voltei pra fila. Fizemos mais um tempinho, tomamos um cafe e embarquei, deixando agora o Brasil. O voo foi tranquilo, gostei muito da companhia. Cada poltrona tem um monitorzinho proprio, a gente pode escolher o filme que quer assistir ou a musica que quer escutar. Tb tem joguinhos! Assisti "Missao Impossivel 3" e "Os Sem-Floresta". Bonzinhos os dois. A comida a bordo era muito boa... nada como um voo internacional pra se recuperar das barrinhas de cereal co amendoim! hehehehehe... q preconceito.
Enfim, aterrissei na Franca as 8h30 da manha da setxa-feira, dai 1/9/06. Desci do aviao cansada e precisando demais de um banheiro. Depois de aliviada, fui procurar ajuda, pois o tal Charles de Gaulle eh um lugarzinho estranho... os dois primeiros funcionarios que encontrei nao falavam (ou nao queriam falar, sabe como sao esses franceses) ingles. A terceira moca nao me deixou sair do pavilhao onde eu estava e me mandou direto pra fila do embarque dos voos pro Reino Unido - mas meu voo era as 16h45! Sem conversa, vai pra fila! E era grande a fila! Mais uma horinha ali, passa em raio x, abre mala, mexe na mala, fecha a mala... a policia tava pedindo pra galera tirar ateh sapato e cinto! Bom, passada essa fase, vi-me no setor de embarque com algumas lojas caras, alguns telefones, lugares pra comer e nenhum cybe cafeh - soh pontos de internet sem fio! Comprei um cartao pra ligar pra casa. E esperei. Comi, ouvi musica e esperei. Ateh chamarem pro embarque do meu voo pra Edimburgo. Entra na fila, abre mala, mexe na mala, fecha a mala. Desce escada, pega onibus e da uma volta no aeroporto inteiro. Embarca no teco-teco... e dorme! Dormi uma boa meia hora... e quando acordei, surpresa! Ainda estavamos em Paris! O voo atrasou 45 minutos... e eu nao tinha como avisar o meu colega de casa, que ia me buscar em Edimburgo... paciencia. Quando finalmente decolamos, dormi de novo. E acordei a tempo de ver um rabinho do Canal da Mancha e as primeiras estradas britanicas, "viradas". A partir dai, comecei a me sentir mais aliviada e inquieta ao mesmo tempo. Aterrissamos em Edimburgo por volta das 18h30. Cansada, fedida e com milhares de quilos de malas, fui saudada por uma propaganda do Royal Bank of Scotland, em cujo banner lia-se a frase "Make it happen" (faca acontecer). Pensei em toda a jornada pela qual passei ateh chegar aqui e me senti vitoriosa! Achei um computador, peguei o numero do meu colega, doravante Gareth, e liguei pra perguntar como fazia pra chegar na casa. E ele, que jah tinha estado no aeroporto e tinha voltado pra casa, foi me buscar. Muito legal! Chegamos em casa e eu pude finalmente tomar um banho e relaxar um pouco. A casa nao eh grande, meu quarto eh minusculo, mas eh boa. Muito bonitinha e bem decorada e tem tudo o que eh necessario.
Fui jantar tradicionalmente num fish and chips (peixe frito com batata frita) e me senti dentro de um livro-texto daqueles que eu usava pra dar aula. Boa a comida, mas extremamente gordurosa! E fui dormir, depois de ligar pra mamae. Assim foi meu primeiro dia na Escocia.