Thursday, February 08, 2007

Dia 113


Eu acho q tô ficando mais tolerante com formas alternativas de arte. Chamo de alternativas aquelas manifestações artísticas que os profissionais das artes plásticas e do design chamam de "instalações" e nunca me agradaram. Contudo, hoje fui à National Gallery dar uma espiada na exposição Superhumanatural, do artista escocês Douglas Gordon. Não conhecia o sujeito e não sabia do que se tratava a exposição, mas o nome me chamou a atenção, juntamente com o fato da iluminação vermelha brilhante do prédio da galeria à noite, especial para a exposição. Tem uma escultura acima da entrada da galeria q teve os olhos iluminados por aquela luz vermelha brilhante e isso era meio perturbador... resolvi ir ver qual era.
Logo no sagüão da galeria, fui saudada por cerca de 30 monitores de TV de todos os tamanhos, cada um passando um filme diferente. Eram filmes estranhos, alguns mostravam mãos realizando alguma coisa ou fazendo movimentos eróticos, alguns mostravam pessoas vistas de diversos ângulos, alguns mostravam animais... eu quis olhar todos e ver como cada um terminava, mas o tempo e o fato de ficar exposta a tantas TVs distintas ao mesmo tempo não me permitiram. Resolvi seguir adiante e descobri que a exposição era constituída basicamente de vídeo-instalações, e que Douglas Gordon é um artista de vídeo. Passei então por instalações feitas com clipes de filmes ou totalmente originais, todas sendo exibidas em gigantescas telas que às vezes se espelhavam, às vezes eram colocadas no meio de um salão. E, para a minha surpresa, gostei bastante da exposição. Destaco um dos vídeos, que mostrava um elefante fazendo truques como um cachorrinho treinado, sendo filmado por uma câmera que girava em sentido horário em torno dele. Havia duas telas enormes mostrando o vídeo em tempos diferentes, e no canto do salão, um pequeno monitor mostrando apenas o olho do paquiderme, com movimentos de aproximação e afastamento da câmera. Não sei explicar porque, mas esse foi meu vídeo favorito. Num outro salão, todas as paredes foram cobertas por fotos de celebridades. Contudo, as fotos tiveram os olhos e a boca cortados e foram colocadas em molduras com um espelho no fundo, de formas que ao me aproximar de uma foto, deparei-me não com os olhos de Greta Garbo, mas com os meus próprios refletidos no espelho. Extremamente alegórico e assustador! Uma terceira instalação era uma sala absolutamente escura, na qual eu fiquei em dúvida se entrava ou não. Enquanto eu pensava, parada à porta da sala, uma luz se acendeu lá dentro e iluminou um texto sobre a morte na parede. E em 30 segundos, apagou de novo e a sala voltou ao breu inicial. Genial.
Depois de curtir meus novos gostos pela arte, encontrei minhas colegas Heather, Pam e Jenni para irmos ao teatro, assistir a peça All My Sons, de Arthur Miller. Adorei o cenário realista da peça, mas achei o enredo um pouco previsível. Bom, mas previsível.
Sexta-feira, agenda cultural cumprida, hora de ir para os pubs. Nossa primeira parada da noite foi o irlandês Finnegans Wake. Ambiente muito legal, mas não ficamos muito tempo lá. Já me acostumei a perambular pelos bares da Velha Fumacenta (Auld Reekie, apelido carinhoso de Edimburgo nos velhos tempos).
Depois do Finnegans, fomos ao (segundo eles mesmos) mundialmente famoso Frankensteins. Muuuuito legal! O pub fica num prédio antigo, acho que era uma igreja. Iluminado por velas e decorado com pôsteres e imagens de todas as produções do clássico de Mary Shelley. À meia-noite, um boneco do famoso monstro desce do teto e ao som de Thriller e ao estilo Coyote Ugly, o povo que atende no bar sobe no balcão e sacode o esqueleto. Boa música, gente interessante, pena que por ser pub fecha à 1h. E tivemos que procurar uma danceteria para estender a noite.
Acabamos na Espionage, uma danceteria enorme, com vários níveis abaixo do solo e diversas pistas de dança, todas com nomes de espiões famosos. Só que todo mundo teve a mesma idéia e estava absurdamente cheia! Acabamos indo embora às 2h30. Mas valeu, foi um dia bem dinâmico.

3 comments:

Anonymous said...

Hehehe...abrindo as portas da percepção, maninha? Putz...do gótico de Mary Shelley ao modernismo esquizofrênico de Joyce num pulo entre dois pubs (bom nome prum conto, ou, quem sabe, uma peça: "de Frankenstein a Finnegan´s Wake"). Aliás, Joyce é considerado "arte alternativa" ????...rs. Ah, gostei de verdade da peça de 5 minutos. Ficou muito boa. Beijo.

Baxa in Edinburgh said...

Eu tava falando q o Douglas Gordon era alternativo, mas td bem...
Valeu pela peça, mas eu acho q o profe vai me mandar à pqp! rsrsrsrsrssrs
E gostei mais de "um pulo entre dois pubs" pra título hihihihi

pdd said...

Quero fotos de Bristol!