Wednesday, September 20, 2006

Dia 19


Finalmente, o primeiro dia de aula! Nossa primeira aula era a cadeira chamada Text and Context, com a Ksenjia. É estranho ter aula no teatro o tempo todo, não tem mesa nem quadro... a gente senta na platéia e o professor fica no palco, falando. Não é à toa que eles não usam a palavra 'class' ou 'lesson' pras aulas, eles usam 'lecture', cuja tradução mais próxima seria 'palestra'.
Foi uma aula introdutória, típico primeiro dia de aula. Ela explicou do que se trata a cadeira, como o nome diz, vamos analisar vários textos, não só peças, inseridos em seu contexto histórico, social e cultural. Nesse semestre, vamos ver teatro grego, romano e medieval. Foi-nos dada a nossa lista de leituras, aula por aula, e fomos novamente dividos e subdividos. Funciona assim: a aula é das 9h15 às 10h15. Daí, das 10h15 às 12h15 tem seminários em grupo, com uma hora pra cada grupo expôr suas discussões. Assim, na hora inicial, a professora vai falar sobre os textos lidos em casa e depois, cada grupo vai falar sobre determinado aspecto. Fiquei no grupo A, das 10h15 às 11h15. Dentro desses grupos, fomos subdivididos e grupos de cinco alunos, chamados grupos de leitura. Dado que não há cópias suficientes dos livros na biblioteca, temos que lê-los em grupo, durante a semana. Meu grupo só tem duas pessoas que eu conheço, o Marc e a Kim. As outras, vou ter que conhecer essa semana.
Como foi uma aula introdutória, pra explicar o funcionamento das coisas, não teve seminário e ficamos com um intervalo muito grande, mas deu preguiça de voltar pra casa e depois ter que ir pra lá de novo, então fiquei pela universidade com a Pamela e a Fiona. Almoçamos e fomos espiar a feira de empregos que tinha. Preenchi fichas pra duas lojas de departamentos e uma loja de sapatos, que me deu uma sacola cheia e brindes, incluindo um radinho!
Depois, voltamos pras cadeirinhas do corredor e ficamos conversando e esperando a próxima aula.
Às 14h15 voltamos ao teatro para a aula da cadeira chamada Making Theatre, com a Nazli. Ficamos imaginando se teríamos o que fazer durante 3 horas...
Ela se apresentou e chamou-nos todos ao palco. Pediu que fizéssemos um grande círculo. Depois, dois círculos. Quatro círculos. Um grande quadrado. Dois quadrados. Quatro quadrados. E cada quadrado tinha que virar uma estrela... e ninguém conseguiu fazer!! Às gargalhadas com as tentativas absurdas, fomos informados que novamente seríamos divididos em grupos, mas era só manter a formação em que estávamos. Meu grupo agora era o número dois. Recebemos um trecho pequeno de Medéia, de Eurípides (e eu descobri que existe outra Medéia, de Sêneca) e a ordem de montar uma pequena performance, sem convenções. A única coisa que tínhamos que fazer além do que estava no papel era dar um título. Tínhamos 30 minutos.
Meu grupo começou a trabalhar, elegemos um diretor, o Alan, e lemos o trecho todos juntos. Problema: somente eu e o Scott conhecíamos a peça inteira. Brevemente, situamos os demais na história. Então, tínhamos que dividir os personagens: tínhamos Medéia, Jasão, uma ama e o coro. Levei um susto ao me apontarem como Medéia e tentei argumentar, mas não deu, fiquei com o papel. Lindsay ficou com a ama e Scott, Jasão. Os outros eram o coro. Discutimos como íamos fazer, ensaiamos e demos o nosso título: "How do you solve a problem like Medea's?" - uma brincadeira com "How do you solve a problem like Maria's?", parte de um musical com Julie Andrews.
Passados os 30 minutos, cada grupo mostrou sua performance e discutimos os pontos positivos e negativos de cada performance. E foi interessante notar como um mesmo trecho pode ser encenado de diversas formas, inclusive quando se tem uma mesma interpretação. Os três outros grupos interpretaram o coro como sendo a consciência de Medéia, mas demonstraram isso de formas diferentes. O nosso grupo optou pela idéia do coro ser formado por pessoas da cidade, julgando a personagem principal. E todas funcionaram bem.
Em seguida, Nazli expôs alguns fatos sobre a peça e sobre a vida de Eurípides e mostrou-nos como seria a formação de um palco grego, com o coro formado por 15 pessoas, três atores principais, dois atendentes, geralmente crianças, e os músicos de ambos os lados.
E foram-se as 3 horas... saí da faculdade e vim em casa correndo trocar de roupa pra jogar futebol. Resolvi participar do time de futebol feminino da universidade, cujo treino era às 19h30. Voltei pro campus, achei (com ajuda de Anna, uma outra colega cujo nome aprendi agora) o campo de futebol e me surpreendi de ver tanta gente interessada. Gostei bastante do treino, é uma hora de exercícios e meia hora de jogo. Eu não queria dizer que era brasileira, porque iam esperar que eu jogasse bem e eu jogo muito mal... mas foi inevitável... assim como foi inveitável ouvir minhas colegas de time perguntando se eu jogo como o Ronaldo...blé.
Meu segundo desafio do dia: depois de ter que interpretar Medéia, tive que marcar a capitã do time... mas me sái melhor na Medéia. Tudo bem, eu vou aprender...
Voltei pra casa podre, tomei banho, botei feijão de molho e dormi.

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