Saturday, September 16, 2006

Dia 3


Domingo foi um dia muuuuuito bom! A chuva parou e o tempo abriu e esquentou. Resolvi que eu ia fazer minha primeira incursão pelo centro da cidade. Ganhei uma carona do Gareth, que estava saindo pro trabalho (meus colegas trabalham em hotéis no centro). Fui até o trabalho dele, de onde seqüestrei mapas e vários folhetos de atrações turísticas, que me têm sido muito úteis. Dali, fui caminhando pela cidade velha até a Royal Mile, que, fui aprender depois, tem esse nome porque é uma rua que começa no Castelo de Edimburgo e termina no Palácio de Holyroodhouse (residência oficial da Rainha na Escócia). Almocei um outro sanduíche num bar antes de alcançar a Royal Mile. Quando cheguei na tal rua, simplesmente fiquei de queixo caído. É maravilhosa!! Uma rua medieval, cheia de pubs casas antigas e pequenas ruelas derivando dela, que são chamadas 'closes'. Cada 'close' tem um nome, geralmente de uma pessoa que morou por ali. Ainda não desci por nenhum deles, mas é parte do plano. O mais famoso é o Mary King's Close, pelo qual se pode fazer uma caminhada conduzida por um guia vestido a caráter com roupas do século XVII. Voltando à Royal Mile, quase todos os pubs têm uma placa na porta explicando a sua história ou a origem do nome. Alguns datam dos séculos XV e XVI. E tem também milhares de lojas familiares, fábricas de kilts e de gaitas de fole, pequenas livrarias, museus... também fica na Royal Mile o centro de contação de histórias (Scottish Storytelling Centre), que vai hospedar o Festival de Contação de Histórias no fim do mês. Não me agüentei (aliás, vocês vão ver essa frase muitas vezes por aqui) e comprei um cartão telefônico internacional, entrei numa cabine de telefone vermelha e liguei pra casa, pra contar pra minha mãe e pra minha irmã tudo o que eu estava vendo! E senti que precisava de uma câmera fotográfica (hihihihihihi)... continuei andando depois de conversar por uma meia hora no telefone e cheguei à Northbridge. Tem essa rua estranha que na verdade são duas pontes, a do Norte e a do Sul. O estranho é que a gente não se dá conta que está em cima de uma ponte, pq só vê prédios dos dois lados. Mas enfim... tem um ponto de cada uma que dá pra ver que é uma ponte. Continuei caminhando pela Northbridge e vendo mais pubs, bares e lojas de todo tipo. Tudo aberto e com um certo movimento, já que era o dia do encerramento oficial do Festival Internacional de Edimburgo. Fui até a Princes Street, a rua principal do centro. Princes Street também é algo à parte. É uma avenida que divide a cidade velha (medieval) e a cidade nova (século XVIII). Só tem construções de um lado da avenida, pra deixar a vista liberada pro Castelo, do outro lado. Na parte construída, tem prédios antigos maravilhosos, todos hospedando as mais modernas lojas na parte térrea. Tem de tudo: grandes lojas de departamentos, como a Marks and Spencer e a Jenners (que é a Harrods escocesa), muitas lojas de telefonia móvel, redes de fast-food e um Starbucks Coffee em cada esquina. Do outro lado da rua, tem um ponto que tem uma estação de trem, a Waverley, que fica subterrânea. Acima a estação, tem um shopping que está em fase de remodelação e o centro de informações turísticas (ambos um nível abaixo da calçada). Adiante um pouco, entre a avenida e o Castelo, tem os jardins... Princes Street Gardens! Gente, eu não desci lá ainda, mas já deu pra ver que é o máximo! Descobri depois que o lugar onde ficam os jardins era um Loch (lago) em que a Inquisição jogava mulheres suspeitas de bruxaria. Se elas se afogassem, eram inocentes, se não, eram bruxas e eram queimadas na fogueira. Não tinha mesmo como escapar. Enfim, depois de passada essa época, resolveram drenar o lago e construir os jardins. Linda história... Caminhando mais um pouco, tem duas galerias de arte, as National Galleries of Scotland, que freqüentemente hospedam exposições de artistas renomados. No momento, as esculturas de Ron Mueck estão expostas lá. Continuei caminhando e encontrei uma loja de equipamentos digitais!!! Que felicidade! Entrei, escolhi uma ofertinha básica e comprei minha máquina digital. Saí da loja e sentei num banco numa praça pra aprender a lidar com o troço. Nem li manual. Só liguei e fui mexendo... coloquei as pilhas e fui fuçando. Só tinha um probleminha: não tinha jeito de eu conseguir abrir o pacote do cartão de memória! Tentei na unha, tentei com a chave, não deu. Aí, eu tive uma idéia: ir tomar um café nalgum lugar e pedir uma faca ou tesoura emprestada. Fiz meu caminho de volta, ainda sem poder bater fotos. Andei, andei, até achar um lugar que parecesse bom sem ser muito caro. Voltei na Northbridge e lá encontrei um café dentro de uma galeria com jeito de ser bom e barato. Entrei, sentei e pedi uma fatia de torta de chocolate (totalmente deliciosa!) e um Earl Grey (eram mais ou menos cinco da tarde... risos). Como a torta veio com garfo e faca, não precisei pedir... consegui abrir meu pacotinho. Pena que eu consegui fácil, porque podia ter pedido a ajuda do moço de olhos azuis que tava atendendo... hehehehe. Devia ter me feito de abobada. Bom, com cartão de memória em mãos, máquina pronta, voltei pra rua e saí tirando fotos de tudo. Algumas vocês podem conferir aqui, outras no meu álbum do orkut e mais ainda no fotolog que eu tô fazendo. E assim voltei até os jardins da Princes Street pra ver o espetáculo de fogos de artifício que encerraria oficialmente o Festival. Depois que o sol se foi, porém, esfriou... e a minha garganta reclamou mais. Mas fiquei lá, firme (tremendo de frio) até o final do espetáculo. E valeu a pena... cerca de 45 minutos de fogos de artifício acompanhando a orquestra de câmara de Edimburgo, ao tema de Romeu e Julieta de Prokofiev - o que teve um sabor especial pra mim. Voltei pra casa às 23h, com fome e com frio, mas muito feliz!

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